Banco do Brasil: renúncia de Brandão é negativa, mas ação está barata demais para ignorar
A renúncia de André Brandão à presidência do Banco do Brasil (BBAS3) e a rápida indicação de Fausto Ribeiro para substituí-lo são notícias negativas para a instituição, segundo os primeiros analistas que se manifestaram sobre o assunto.
Embora a saída de Brandão já fosse cogitada há semanas e, de certa forma, esperada, sua concretização deixa o mercado preocupado com os riscos de maior ingerência política na gestão do Banco do Brasil.
Apenas para relembrar, a fritura de Brandão começou em meados de janeiro, quando o banco anunciou planos de fechar 361 agências e demitir 5 mil funcionários. Em reação, o presidente Jair Bolsonaro ameaçou, publicamente, demitir comandante do BB, caso não voltasse atrás – e Brandão não recuou.
Ao comentar brevemente a troca na cúpula da instituição, Leo Monteiro, da Ativa Investimentos, afirma que “a notícia é negativa, pois evidência o risco de ingerência política no banco estatal e coloca em xeque o processo de modernização”.
Bola cantada
Marcel Campos, da XP Investimentos, acrescenta que, embora negativa, a troca não deve impactar muito as ações do BB, já que ela foi parcialmente precificada pelo mercado nas últimas semanas.
O mais importante, segundo Campos, é que a ação está barata demais para ser ignorada. “Reiteramos nossa recomendação de compra e preço alvo de R$ 43, pois acreditamos que haja uma assimetria positiva com o banco negociando a um atraente 0,6x P/B e 8% de dividend yield (retorno de dividendos) para 2021”, afirma.
O preço proposto pela XP embute uma alta potencial de 41,3% sobre os R$ 30,44 com que o papel fechou nesta quinta-feira (18).
O mercado parece digerir bem a substituição de Brandão por Ribeiro no pregão de hoje. Às 14h34, a ação era negociada por R$ 30,67, com uma leve alta de 0,76%. No mesmo instante, o Ibovespa avançava 1,18%, para os 116.185 pontos.
Na mínima do dia até agora, o Banco do Brasil foi cotado a R$ 29,85; na máxima, saiu por R$ 30,93.