Banco do Brasil não mostra balanço ruim, mas empolga menos os analistas
Os resultados do Banco do Brasil (BBAS3) não empolgaram alguns analistas. Os números até vieram em linha com as projeções da XP Investimentos, mas não conseguiu superar as estimativas de outras instituições, como o Safra.
O lucro líquido recorrente da empresa no terceiro trimestre do ano atingiu R$ 3,4 bilhões, montante 23,3% menor em relação ao mesmo período de 2019.
O Banco do Brasil disse que reservou mais de R$ 2 bilhões para potenciais perdas com empréstimos decorrentes da crise causada pela pandemia do coronavírus.
Assim, as provisões totais para perdas com empréstimos, incluindo os R$ 2 bilhões, foram de R$ 5,5 bilhões. O valor representa uma alta de 40,5% ante o terceiro trimestre do ano passado. Em relação ao trimestre anterior, no entanto, houve queda nas provisões.
O Safra destacou o aumento da carteira de crédito ampliada, que subiu de R$ 71 bilhões no trimestre anterior para R$ 109 bilhões.
“Parece um crescimento considerável se olharmos para a recuperação econômica recente”, comentaram os analistas Luis F. Azevedo e Silvio Dória.
O Safra também comentou que o controle de custos do Banco do brasil foi bom no trimestre, tendo as despesas operacionais totais caído 7,5% na base anual.
Azevedo e Dória reiteraram a recomendação de outperform (desempenho esperado acima da média do mercado) para a ação, com preço-alvo de R$ 56 ao fim de 2021.
A XP manteve a indicação de compra, com preço-alvo de R$ 43. Além de ter gostado do balanço, a corretora acha que o papel está barato e a companhia é bem defensiva e “digitalmente competitiva”.
Abaixo dos pares
A Ágora Investimentos tem uma visão menos positiva sobre o desempenho da empresa.
“Não que os resultados fossem ruins. Os números foram apenas mais fracos do que as expectativas gerais e abaixo dos divulgados pelos pares do setor privado do Banco do Brasil”, explicaram os analistas Victor Schabbel e José Cataldo.
Na avaliação da corretora, o mercado pode estar decepcionado com as tendências de NII (receita líquida de juros) no trimestre.
“Aqueles mais construtivos sobre o caso de investimento esperam que o melhor mix de carteira de crédito favoreça as margens do Banco do Brasil ao longo do tempo. Claramente, durante a crise, isso não está acontecendo, e o desempenho do banco controlado pelo Estado tem sido semelhante ao dos bancos do setor privado”, complementaram Schabbel e Cataldo.
Por isso, a recomendação da Ágora para a ação continua sendo neutra, enquanto a recomendação para os bancos privados é de compra. O preço-alvo indicado para o Banco do Brasil é de R$ 47.
Para o BTG Pactual (BPAC11), o destaque do balanço foi o core capital, que mostrou crescimento anual de 255 pontos-base e chegou a 13,1%.
No entanto, a recomendação dos analistas do banco permanece neutra, com preço-alvo para os próximos meses de R$ 44.
“Mas enfatizamos que a ação parece particularmente barata em 0,7 vez o valor patrimonial no terceiro trimestre de 2020”, ressaltaram Eduardo Rosman e Thomas Peredo, autores do relatório divulgado aos clientes.