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Banco do Brasil deu um banho no Itaú, Santander e Bradesco no 3º trimestre; ação pode subir 63%

09 nov 2021, 13:41 - atualizado em 09 nov 2021, 13:41

O Banco do Brasil (BBAS3) divulgou seus resultados na noite da última segunda-feira (8) e encerrou a safra de balanços dos bancões brasileiros. Com isso, a comparação entre os rivais é inevitável. E, pelo menos na qualidade dos números, foi o Banco do Brasil que levou a melhor. 

A XP Investimentos destaca que, com o forte crescimento de 6,2% da carteira de crédito, o índice de cobertura subiu para 323%, muito superior aos seus pares privados – 250% do Santander (SAMB11), 297% do Bradesco (BBDC4) e 234% do Itaú (ITUB4).

Essa alta foi impulsionada por pequenas empresas, pessoas físicas e o agronegócio. Não bastasse isso, o banco elevou em até 16% a projeção de crescimento da carteira para 2021, antes em 12%. 

Além disso, a corretora lembra que, no trimestre, a inadimplência caiu para 1,8%, “corroborando nossa visão de que o Banco do Brasil possui uma carteira mais defendida e mais bem preparada para cenários mais difíceis”.

Apesar disso, a ação do Banco do Brasil não tem grande salto. Por volta das 13h31, os papéis subiam 0,68%, a R$  29,85 enquanto o Ibovespa (IBOV) subia mais de 1%. 

Resultados fortes

Entre julho e agosto, o lucro recorrente atingiu R$ 5,1 bilhões, alta de 47,6% ante mesmo período do ano anterior, e acima da estimativa de analistas compilada pela Refinitiv de R$ 4,5 bilhões.

A cifra é a maior da história do banco e foi impulsionada pela aceleração da margem financeira bruta (receita com juros), que cresceu 12%.

A Genial ressalta o forte resultado de tesouraria, que avançou 88,2%, e também a receita de empréstimos, que acelerou para 11,9%.

Outro ponto positivo foi a despesa com pessoal, que veio sob controle, apesar do dissídio de 11% no salário dos bancários, recorda.

“Na nossa visão, o resultado do trimestre foi positivo, com destaque para o crescimento da margem bruta mesmo com a elevação da taxa Selic que pressiona o custo de funding, o maior índice de cobertura dentre os bancões, inadimplência sob controle e índice de capital, também superior a demais bancos”, completam os analistas Eduardo Nishio, Guilherme Vianna e Bruno Bandeira.

Para  a Ativa, a grande surpresa ficou com o crescimento da margem financeira bruta, que fechou o trimestre 9,5% acima das expectativas devido à expansão da carteira de crédito.

Outro fator positivo foi a melhora no índice de eficiência, que alcançou seu melhor valor na série histórica, completa. 

Na visão do Credit Suisse, os fortes resultados da tesouraria devem se ajustar nos próximos trimestres. Apesar disso, o banco suíço diz que os números podem se normalizar em um nível mais alto devido a uma melhor margem de depósito dado as taxas mais altas.

Já o Safra classificou os número como “um conjunto sólido de resultados”, com forte crescimento de receita (impulsionado pelo excelente desempenho da tesouraria), combinado com provisões saudáveis ​​para perdas com empréstimos e bom controle de custo.

“Em suma, o resultado foi ainda mais forte do que o esperado. Apesar de a solidez dos resultados do tesouro e previdência não parecer recorrente, destacamos o bom desempenho de outras linhas, tais como: volumes de crédito e melhora do mix, qualidade de crédito bastante saudável e leve recuperação das receitas de serviços”, observam o trio de analistas do banco Luis F. Azevedo, Silvio Dória e Gabriel Pucci.

O Safra lembra que a ação tem uma avaliação extremamente baixa, com preço sobre lucro para 2022 de 4,3 vezes, abaixo da média histórica de 7 vezes (Imagem: REUTERS/Pilar Olivares)

O que fazer com a ação?

Apesar do resultado positivo, os analistas não deixaram de recordar do risco político que acompanha o papel do Banco do Brasil. A Genial afirma que as eleições presidenciais do ano que vem podem “tirar o brilho de uma potencial recuperação da ação”.

Já a Ativa argumenta que as recentes ações do governo “nos tornam céticos sobre uma possível melhora na governança”. O Credit Suisse também prefere se posicionar no setor nos bancos privados, considerando o pleito presidencial.

Mesmo assim, o Safra lembra que a ação tem uma avaliação extremamente baixa, com preço sobre lucro para 2022 de 4,3 vezes, abaixo da média histórica de 7 vezes, combinado com a perspectiva de crescimento robusto dos ganhos à frente. 

A recomendação do banco é outperform, ou desempenho acima da média do mercado, com preço-alvo de R$ 48, potencial de alta de 63%.

A Ágora ressalta, porém, que possui dúvidas sobre quão sustentável são os números do banco.

“Olhando para o futuro, acreditamos que todos os olhos devem estar voltados para como esses fundamentos se comportarão em um cenário macro mais desafiador em 2022”, dizem Gustavo Schroden e Maria Clara Negrão.

Veja as recomendações

Corretora Recomendação Preço-alvo
Ativa Neutra R$ 38
Safra Compra R$ 48
Genial Neutra R$ 34,30
BofA Compra R$ 44