BB (BBAS3) de escanteio, Bradesco (BBDC4) certeiro: As recomendações do Safra para os bancos
Os bancos vivem um momento dúbio na bolsa: se por um lado entregaram bons resultados, por outro pouco subiram. Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) até ameaçaram disparar, mas realizaram parte dos ganhos no mês passado. Banco do Brasil (BBAS3) andou de lado. Só o Itaú (ITUB4) conseguiu manter algum fôlego, com alta de 6% no ano.
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Oportunidade ou cilada? Para o Safra, o Brasil está na direção oposta do ciclo monetário global. Enquanto os economistas preveem que o país passará por um ciclo de aperto, a maioria dos países deve experimentar um ciclo de flexibilização.
A projeção do Boletim Focus é que a taxa Selic termine 2024 em 11,75% ao ano.
“Como tal, continuamos a preferir bancos dentro do espectro financeiro do Brasil, pois notamos um ambiente sólido com base na qualidade controlada dos ativos, crescimento sólido do PIB (Produto Interno Bruto) e expectativas moderadas de inflação para os próximos anos”, diz.
Veja as recomendações abaixo:
Banco | Recomendação | Preço anterior | Preço atual | Potencial |
---|---|---|---|---|
Banco do Brasil | Neutra | R$ 31 | R$ 32 | 18% |
Bradesco | Compra | R$ 16 | R$ 18 | 22% |
Itaú | Compra | R$ 39 | R$ 45 | 26,7% |
Santander | Neutra | R$ 33 | R$ 34 | 19% |
BB de escanteio, Bradesco certeiro
Segundo o Safra, a assimetria do Bradesco está inclinada para cima, com o banco negociando em torno de 1 vezes o múltiplo PBV (preço sobre valor patrimonial).
“Reconhecemos os desenvolvimentos recentes e os esforços de modernização da nova gestão, que têm impulsionado o moral internamente e ajudado em todo o processo de recuperação do ROE (retorno sobre patrimônio)”, diz.
No segundo trimestre, o banco lucrou R$ 4,7 bilhões, alta de 4,4% em relação ao mesmo período do ano passado.
O número ficou acima do esperado pelo consenso da Bloomberg, que aguardava R$ 4,3 bilhões no período. Além disso, a maioria das casas tinha expectativa de queda no lucro.
Em relação às novas previsões, o Safra aumentou as estimativas de lucros em 10% para 2024 para R$ 19.503 bilhões (12,2% ROE) e 10,2% para 2025 para R$ 24.013 bilhões (14,8% ROE).
“Isso já leva em consideração um NII (margem líquida) de mercado pior do que o esperado, pois esperamos que a recente inclinação da curva de juros tenha um impacto negativo no spread do portfólio pré-fixado do Bradesco”, diz.
No caso do Banco do Brasil, o Safra ainda guarda algumas preocupações, com a piora do agronegócio.
“Observamos que os produtores estão reclamando dos preços mais baixos das commodities, ainda não tendo vendido seus estoques da safra anterior, atrasando a nova rotação de culturas e, portanto, frustrando o desembolso do crédito de capital de giro do plano de safra 24/25”, diz.
As estimativas permanecem inalteradas, em R$ 37,6 bilhões, 21,2% de ROE, (de R$ 37,8 bilhões) em 2024 e R$ 39,8 bilhões, 21,0% ROE, (de R$ 39,6 bilhões) em 2025, sem diferença material do consenso.
No Santander ainda não há sol; no Itaú, resiliência
Segundo o Safra, o Itaú é resiliente e possui um carrego, com base em sua forte lucratividade acima dos pares, o que abre espaço para maior dividend yield em comparação aos pares de propriedade privada (quase 200 bps acima) com 8,6% em 2024 e 9,5% em 2025.
A projeção do banco é de lucro líquido de R$ 40,7 bilhões, com ROE de 21,9%. Para 2025, projeta lucro de R$ 45 bilhões e ROE de 22,7%.
Para o Santander, o Safra explica que ainda não vê sol, apesar do banco ter apresentado ROE melhor, assim como resultado.
“No entanto, acreditamos que a promessa de bons tempos foi adiada novamente, dado o fato de que o banco tem o mesmo problema do Bradesco em relação ao descasamento de portfólio pré-fixado e financiamento flutuante, o que deve impactar o NII do mercado mais uma vez”.
Os analistas dizem ainda que prefeem manter uma postura neutra pelo menos no curto prazo, pois não acha que sua avaliação atual amplamente atrativa em relação aos pares, embora reconheça os avanços recentes do banco em investimentos, financiamento de veículos, entre outros.
“Vemos o Santander sendo negociado a 6,8x P/L (preço sobre o lucro) e 1,08x PBV (preço sobre valor patrimônial) para 2025”.