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Banco do Brasil (BBAS3): Goldman espera aumento da inadimplência no agro e ‘fundo do poço’ para ROE no 2T25

23 jun 2025, 11:43 - atualizado em 23 jun 2025, 17:35
banco do brasil agronegocio
(Imagem: Paulo Whitaker/REUTERS)

Goldman Sachs reduziu suas estimativas de lucro para o Banco do Brasil (BBAS3), após incorporar uma deterioração adicional na qualidade dos ativos da carteira rural.

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A inadimplência no crédito rural do banco aumentou consistentemente de 0,5% no quarto trimestre de 2022 (4T22) para 3,0% no primeiro trimestre de 2025 (1T25) e devem subir ainda mais no segundo trimestre deste ano.

“Enquanto isso, as provisões ficaram atrás da formação de créditos inadimplentes e devem aumentar de forma significativa nos próximos trimestres. As ações caíram 27% desde a divulgação dos resultados do 1T25 e agora são negociadas a 0,7 vez do valor patrimonial dos últimos 12 meses. Embora possa haver riscos adicionais até que haja melhor visibilidade sobre o lucro, as estimativas de consenso para o EPS já caíram 20% no último mês. Esperamos que o ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido) atinja o fundo do poço no 2T25, a 11,9%, e depois melhore gradualmente“, explicam Tito Labarta, Tiago Binsfeld e Lindsey Shema.

Os analistas mantém sua recomendação neutra para ação, mas reduziu o preço-alvo de R$ 25 para R$ 23 (potencial de alta de 7,73%). “Vemos um dividend yield adicional de 6%. A ação está sendo negociada a 4,8 vezes na relação Preço/Lucro esperado para 2025 e a 0,6 vez o Preço/Valor de Mercado esperado para 2025, com desconto maior em relação aos bancos privados do que a média histórica”.

BBAS3: O corte nas estimativas para 2025, 2026 e 2027

Os analistas do Goldman Sachs reduziram suas estimativas de lucro líquido recorrente em 20% para 2025, 12% para 2026 e 4% para 2027.

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“Esperamos uma postura mais cautelosa por parte da companhia, o que deve desacelerar o crescimento da carteira de crédito. Agora esperamos lucro líquido de R$ 25,6 bilhões para 2025, 31% abaixo do limite inferior da faixa anterior de guidance (R$ 37-41 bilhões), atualmente sob revisão. Nossas novas projeções implicam ROEs de 13,6% em 2025, 16,4% em 2026 e 17,3% em 2027″. 



As estimativas estão 15% abaixo do consenso Bloomberg para 2025, 3% abaixo para 2026, mas 1% acima para 2027.

Inadimplência deve seguir pressionando lucratividade

A inadimplência rural acima de 90 dias cresceu de forma consistente ao longo do último do ano no BB, com deterioração em todos os segmentos.

No entanto, a maior parte do aumento nas provisões (48% no 1T25) veio da inadimplência rural, que subiram 180bps em relação ao ano anterior, atingindo 3,0% no 1T25. Além disso, os NPLs do varejo rural aumentaram mais 30bps no mês de abril, para 3,1% no sistema, e devem continuar subindo pelos próximos meses, segundo a administração.

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O índice de inadimplência inicial do varejo rural foi um dos poucos que aumentou no sistema em abril, subindo 50bps no mês, para 2%.

“O Banco do Brasil é o banco mais exposto à deterioração da qualidade dos ativos rurais, com 33% de sua carteira de crédito voltada ao agronegócio, contra apenas 7% no Bradesco e 3% no Santander Brasil (SANB11). O Itaú Unibanco (ITUB4não divulga a exposição exata, mas é provavelmente semelhante aos demais bancos privados. Além disso, 96% da carteira agro do BB é para produtores individuais, enquanto nos bancos privados essa fatia é próxima de 50%. A carteira de crédito em atraso atingiu R$ 14,3 bilhões no 1T25, representando 5,2% do total”.

Para o Goldman, o aumento da deterioração significativa nos créditos não produtivos rurais é resultado de uma combinação de superprodução após uma safra forte em 2021/2022, preços elevados de commodities devido à guerra na Ucrânia e eventos climáticos extremos em 2023/2024, o que gerou aumento nos pedidos de recuperação judicial ao longo do último ano.

Provisões devem crescer em 2025

Segundo os analistas do Goldman, as provisões do BB também não acompanharam o ritmo de formação de inadimplência, ou seja, novos clientes ficando em atraso com seus débitos.

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O banco provisionou apenas 71% da formação de inadimplência no 1T25, abaixo dos 81% dos três trimestres anteriores e de mais de 90% antes disso.

“Por isso, esperamos um salto nas provisões para R$ 13,7 bilhões no 2T25 e manutenção em níveis elevados até o final do ano, com o custo de risco atingindo 4,9% antes de começar a cair. Estimamos provisões totais de R$ 49 bilhões para o ano, 17% acima do limite superior do guidance inicial de R$ 38 bilhões a R$ 42 bilhões, atualmente em revisão”.

No entanto, eles reconhecem que a visibilidade é limitada, pois a administração ainda não sabe quando a inadimplência vai atingir o pico.

Pressão para margem financeira e ROE

O cenário em questão deve pressionar a margem financeira líquida, já que o banco não pode reconhecer juros de operações em atraso.

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“Ainda assim, esperamos uma recuperação gradual da margem financeira líquida, à medida que o banco absorve os maiores custos de captação do 1T25 e com crescimento de crédito de 5,8%, no limite inferior do guidance, que está no intervalo entre 5,5% e 9,5% para o ano de 2025. O banco também poderá recuperar parte da receita de juros com a rolagem dos financiamentos rurais e a retomada dos pagamentos por parte dos produtores”. 

Eles projetam margem financeira líquida de R$ 100 bilhões para o ano, 10% abaixo do limite inferior do guidance inicial de R$ 111 bilhões a R$ 115 bilhões, também em revisão. “Assim, esperamos um ROE de 13,6% para 2025, com recuperação gradual para 16,4% em 2026 e 17,3% em 2027”.

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Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024 e 2025, ficou entre os 100 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
pasquale.salvo@moneytimes.com.br
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