Banco do Brasil (BBAS3): XP tira R$ 7 do preço-alvo; veja potencial

Corrigindo a rota, como fez boa parte do mercado, a XP cortou o preço-alvo do Banco do Brasil (BBAS3) em R$ 7, de R$ 32 para R$ 25, o que abre potencial de alta de 13% em relação ao último fechamento. A recomendação segue em neutra.
Segundo os analistas, o banco deverá encontrar um caminho lento para a recuperação, após a forte inadimplência do agronegócio ter derrubado o lucro pela metade.
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‘Esperamos que a inadimplência do agro continue pressionada, com uma melhora atrasada e mais gradual, e a normalização provavelmente em níveis piores do que nos últimos anos’, afirmam.
Além disso, outro fator pode atrasar ainda mais a melhora do BB: a desaceleração macroeconômica e o ambiente de altas taxas de juros continuam afetando as carteiras de pessoa física e de pequenas e médias empresas.
‘O custo de risco pode atingir 4,5% em 2025 e permanecer elevado nos próximos anos. Enquanto isso, o NII (margem financeira líquida) pode seguir sob pressão devido às novas regras contábeis de reconhecimento de juros.’
Para piorar, a direção do banco não sinaliza cortes de despesas.
Diante disso, a XP revisou para baixo a estimativa de lucro líquido de 2025, cortando em 21% a expectativa, para R$ 20,6 bilhões, e 16% para 2026, a R$ 23 bilhões.
Já o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) deverá rodar abaixo do custo de capital, a 11%, com retornos mirrados que se aproximam do custo de patrimônio líquido.
Com um payout (fatia do lucro distribuída) de 30%, o retorno em dividendos ficará em 4,8%, longe dos dois dígitos dos últimos anos.
Barata, mas vale?
A XP até diz que ação está barata, negociada a múltiplos P/B (preço sobre o valor patrimonial) aparentemente atrativos
Porém, o P/E (preço sobre lucro) parece esticado em relação às médias históricas.
Soma-se a isso a combinação de recuperação lenta, ROE baixo e retorno de dividendos modesto, o que “nos leva a manter o rating neutro”.
Banco do Brasil: MP do governo resolve?
Uma notícia foi suficiente para impulsionar o papel do Banco do Brasil na última semana, mas isso é suficiente?
Na sexta passada, o Governo Federal publicou a Medida Provisória 1.314, que autoriza fontes de financiamento para linhas de crédito rural destinadas a liquidar ou amortizar dívidas de produtores afetados por eventos adversos.
Os pontos principais da MP são:
- até R$ 12 bilhões do superávit do Ministério da Fazenda, permitindo que os bancos troquem dívidas por linhas de crédito mais baratas, com prazo de 9 anos e carência de 1 ano;
- recursos livres dos bancos, com benefícios de capital semelhantes aos concedidos durante a pandemia.
‘Isso pode beneficiar o BBAS, potencialmente reduzindo a inadimplência do agro e ajudando os indicadores de capital’, escrevem os analistas.
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Por outro lado, a XP mantém a projeção de que a inadimplência do agro seguirá pressionada, com normalização em níveis piores do que os observados nos últimos anos.
Entre os riscos, a corretora destaca:
- grandes produtores no Mato Grosso (MT) seguem bem capitalizados, apesar do atraso na comercialização de grãos, enquanto margens apertadas continuam pesando sobre produtores menores ou mais alavancados;
- o Banco do Brasil detém uma proporção maior de garantias júnior, em meio à intensificação da concorrência e ao aumento de Recuperações Judiciais (RJs).
‘No segundo semestre, projetamos uma provisão para perdas esperadas de R$ 33 bilhões, o que levaria as provisões totais do ano além do limite superior da faixa do guidance (R$ 51–56 bilhões).’