Banco do Brasil (BBAS3): XP refaz cálculos e vê cenário pior do que imaginado para 2T25; veja detalhes

Os investidores que aguardam sinais positivos do Banco do Brasil (BBAS3) terão que esperar mais alguns trimestres para sentirem alguma melhora.
Isso porque, após um primeiro trimestre tenebroso, a segunda etapa do ano não deve ser muito diferente, afirma a XP em relatório enviado a clientes.
No documento, a corretora lembra que revisou duas vezes as projeções do banco e, mesmo assim, a qualidade do crédito piorou ainda mais.
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De acordo com a XP, a piora no agronegócio — principal carteira de empréstimos do BB — seguirá como um problemão para a estatal.
Com tudo isso, não tem jeito. Para o segundo trimestre, a corretora reduziu as estimativas de lucro líquido para R$ 5,4 bilhões (ante R$ 6,4 bilhões em maio).
Se o número se confirmar, será um tombo de 43,5% no ano e de 27% no trimestre, implicando ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) de 12%, queda de 4,7 pontos-base na comparação sequencial.
Além disso, a casa também baixou as expectativas para 2025 em 8%, a R$ 26 bilhões.
Mesmo assim, manteve o preço-alvo em R$ 32, com potencial de alta de 45% até 2026, e recomendação neutra.
Muito pessimismo com Banco do Brasil?
A casa até diz que, após duas revisões para baixo nas estimativas de lucro de curto prazo, existe a possibilidade de estar sendo conservadora com o Banco do Brasil.
No entanto, os analistas afirmam que, embora seja possível alguma melhora inesperada nos resultados, a suspensão do guidance (projeções) é um sinal de alerta.
Em meio a resultados bem aquém do esperado, o Banco do Brasil resolveu pausar a projeção de margem financeira bruta, custo de crédito e lucro líquido ajustado.
Há ainda uma deterioração nos dados recentes sobre a qualidade do crédito — em um nível pior do que o que poderia ser percebido pelas declarações da administração, segundo a análise.
“Isso nos leva a considerar a dinâmica de curto prazo do banco bastante desfavorável”.
Em teleconferência, a gestão tratou de colocar panos quentes na situação.
O vice-presidente de Controles Internos e Gestão de Riscos, Geovanne Tobias, disse que o primeiro trimestre de 2025 é “incomparável” com outros trimestres.
“Este é um balanço de transição, como já vinha sendo sinalizado. Já se previa uma continuidade na deterioração da carteira do agronegócio”, afirmou.
Ainda segundo Tobias, “não é um lucro de se jogar fora, muito pelo contrário.” “Demonstra claramente a fortaleza do Banco do Brasil”.
Dividendos devem sofrer?
De acordo com a XP, apesar da deterioração nos lucros e no cenário de crédito, o Banco do Brasil ainda deve distribuir dividendos relevantes nos próximos anos, mas em patamar menor do que nos anos anteriores.
Os analistas calculam um payout (parte do lucro distribuído a acionistas) de 35-36%, como forma de preservar capital, devido à pressão sobre lucros e provisões maiores (especialmente no crédito rural).
Hoje, o payout do BB é de 40%.
Vai cumprir as projeções?
Os analistas dizem ainda que a carteira de crédito deverá encerrar o trimestre praticamente estável, mas 8% acima do mesmo período do ano passado.
Na frente da margem financeira (NII, na sigla em inglês para net interest income), a melhora da liquidez, combinada com a originação de crédito que já incorpora um cenário de taxas de juros mais altas, deve puxar a cifra 2,4% no trimestre.
Por outro lado, por mais um trimestre consecutivo, espera-se que o NPL (non-performing loans, ou empréstimos inadimplentes) seja impactado negativamente pelo setor agro, o que também deve levar a um aumento nas provisões.
O Banco do Brasil divulgará o seu resultado no dia 13 de agosto.