Banco do Brasil (BBAS3) terá pior trimestre do ano? Veja o que esperar do balanço
O investidor do Banco do Brasil (BBAS3) teve que reforçar o remédio do coração em 2025. Desde o primeiro trimestre, o banco, que era considerado uma das opções mais seguras da bolsa, divulga resultados bem abaixo do esperado. E no terceiro trimestre, não deve ser muito diferente.
Dados do Banco Central indicam que a estatal ainda sofre com números fracos. O último balancete, divulgado no mês passado, mostrou que o BB registrou lucro de R$ 825 milhões em agosto (contra R$ 780 milhões em julho), o que implica em R$ 2,4 bilhões para o trimestre.
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Considerandos itens não recorrentes de R$ 700 milhões, geralmente vinculados a planos econômicos, o JPMorgan calcula lucro de R$ 3,1 bilhões, o que seria o pior trimestre do ano.
Seja como for, o consenso da Bloomberg indica R$ 4 bilhões, o que representa tombo de 57%. Além disso, média de analistas consultados pelo Money Times mostra um ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) de apenas 8%, bem abaixo do custo de capital de 15% e também dos outros bancos.
Na visão da Genial, o banco vai, novamente, entregar o pior resultado do ano.
Enquanto os pares mantêm ou ampliam a rentabilidade, o ROE do BB deve cair abaixo de 10%, mesmo com suporte regulatório da MP 1.314, uma das esperanças de investidores.
“Os dados do Bacen reforçam o quadro desafiador no agro, sobretudo entre produtores alavancados do Centro-Oeste, que representam cerca de um terço da carteira”, afirma o relatório.
O Safra também prevê queda acentuada de 64% no lucro, destacando que a deterioração rural deve gerar alta de 159 pontos-base nos NPLs (qualidade dos empréstimos) de 90 dias, além de pressão adicional das pequenas e médias empresas, com aumento de 14bps.
Já o JPMorgan aponta que as expectativas dos investidores pioraram após atrasos na MP 1.314/2025, que permitiria refinanciamento do agronegócio.
“Enquanto há alguns meses se esperava um trimestre semelhante ao anterior, acreditamos agora em um terceiro trimestre mais desafiador”, escreve o banco.
Melhora de um lado, piora do outro
O Santander até vê uma melhora na receita líquida de juros, principalmente devido a ganhos maiores com títulos do Tesouro.
Porém, a maior parte desses benefícios serão compensadas por maiores provisões que podem ser desencadeadas por outra deterioração nos NPLs do agronegócio, levando a um EBT praticamente estável em relação ao trimestre anterior.
Na visão dos analistas, o banco será um dos destaques negativos da temporada, com lucro líquido ajustado de R$ 3,714 bilhões no terceiro trimestre de 2025, 8% abaixo do consenso do mercado, para um retorno sobre o patrimônio de 8%.
A analista da Empiricus Larissa Quearesma também diz que, novamente, o Banco do Brasil deve ser o patinho feio.
“Na nossa expectativa, o terceiro trimestre deve vir ainda pior que o segundo, que já teve um ROI bem baixo, abaixo de 10%.”
Ela lembra o vencimento das operações do crédito agro que acontecem nesta época do ano e não foram pagos.
“Inclusive, continuamos monitorando os dados do Banco Central e vendo piora, ainda não vimos o índice de inadimplência do agro parar de subir.”
As pequenas e médias empresas, que têm visto a inadimplência subir pelos fatores cíclicos, também devem machucar os índices de atraso do Banco do Brasil.