Banco do Brasil (BBAS3): Por que ‘Buffett de Londrina’ comprou ação na baixa?

O Banco do Brasil (BBAS3) passou de um dos melhores bancos da bolsa a uma ação malvista por parte dos investidores, após uma sequência de resultados fracos. E não só isso: as perspectivas para o segundo trimestre também não são animadoras.
Mas, no mercado, há um mantra entre gestores que pensam no longo prazo: compre na baixa, venda na alta. Seria o caso do BB?
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Em entrevista ao Money Times, Cesar Paiva — conhecido como o “Buffett de Londrina” pelos retornos entregues (um de seus fundos subiu 2.157,26% desde 2008) — disse que comprou “um pouquinho” da ação após o papel despencar 32% desde as máximas do ano.
Na casa dos R$ 19, BBAS3 negocia no mesmo patamar de maio de 2023. Mesmo reconhecendo que os resultados do primeiro trimestre vieram piores do que o esperado, Paiva afirmou que a reação do mercado talvez “tenha sido um pouco exagerada”.
“As ações hoje estão negociando a 0,65 vez o valor patrimonial. Ficaram num preço em que, mesmo com o lucro caindo bastante, devem estar sendo negociadas a cinco vezes o lucro. O dividend yield deve ser de 7% a 8%, mesmo com o payout que deve ser reduzido”, explicou.
Ainda segundo ele, é preciso observar as cenas dos próximos capítulos, com a divulgação dos resultados do segundo trimestre, que saem no dia 14 de agosto.
“Talvez a gente aumente ou diminua a posição”, completou.
A posição em BB vem desde a pandemia, quando a ação subiu mais de 60%. Porém, riscos no agronegócio levaram a gestora a realizar parte do lucro no início deste ano.
Atualmente, o Banco do Brasil representa somente 4% do fundo.
Bola dentro: Bradesco
Se o Banco do Brasil comprometeu parte do desempenho, o Bradesco (BBDC4) ajudou a conter os danos e garantiu bons retornos.
Outra aposta de longa data da Real Investidor, o banco de Osasco conseguiu entregar resultados — com o papel acumulando alta de 35% no ano.
“Geralmente, quando um papel está em baixa, é porque as pessoas não recomendam, não gostam. Talvez exista uma nuvem preta, um resultado fraco. Mas é justamente ali que surgem as melhores oportunidades”, afirmou Paiva.
Questionado se o banco ainda tem fôlego, o gestor respondeu que sim.
“Negocia a seis vezes o lucro, com rendimento de dividendos de 8%. É um patamar bem interessante. O retorno sobre o patrimônio tem melhorado um pouco a cada trimestre”.
Outras apostas
Paiva explica que o fundo atualmente possui 20 empresas de até nove setores diferentes.
“Gostamos de companhias de commodities, como a Suzano (SUZB3); temos utilities; e estamos bem animados com os preços das elétricas também”, comentou.
No setor financeiro, além de BBAS3 e BBDC4, a Porto (PSSA3) — papel que está próximo às máximas históricas — também compõe o fundo.
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No setor imobiliário, os destaques são as ações da operadora de shoppings Allos (ALOS3), que estariam “muito baratas”, e os papéis da Log (LOGG3), especializada em galpões logísticos.
A MRV (MRVE3) tem ganhado espaço no portfólio. A companhia é outro caso de ação que passou por uma “liquidação” na bolsa, mas que promete organizar a casa.
“Achamos que foi uma tempestade, mas as perspectivas para 2026 são boas”, disse o gestor.
Apesar de todos os ruídos, a Petrobras (PETR4) ainda é, na visão de Paiva, uma empresa muito lucrativa — e barata.
“Gera muito caixa e deve, novamente, pagar dividendos relevantes. Então, acreditamos que continua fazendo sentido manter as ações. Não está tão barata quanto alguns anos atrás, mas seguimos posicionados”.