Banco do Brasil (BBAS3) pode repetir a dose e entregar mais um trimestre estelar?
Analistas do mercado antecipam uma temporada de resultados mista para os bancos brasileiros.
Dentre as instituições financeiras tradicionais, o Banco do Brasil (BBAS3) deve ser novamente o destaque positivo do terceiro trimestre, avalia o Itaú BBA.
De acordo com o BBA, a estatal deve superar os rivais novamente, tanto em qualidade de crédito quanto em NII (margem financeira).
Por outro lado, o Bradesco (BBDC4) deve divulgar números pouco convincentes.
O BBA comenta que tem se mostrado um pouco cético com a recomendação de “outperform” (desempenho esperado acima da média do mercado, equivalente a “compra”) do Bradesco desde o primeiro trimestre do ano. Agora, a instituição resolveu rebaixar o papel na expectativa de “mais um conjunto de resultados fracos no terceiro trimestre de 2022”.
Objetivo ambicioso
O BB é, junto com a B3 (B3SA3), top pick do BBA entre as large caps do setor bancário. Apesar da exposição a fatores exógenos, como o risco-país, a empresa conta com um ponto reconfortante, que é a manutenção de seus resultados fortes.
“Esperamos que o Banco do Brasil reporte mais uma vez os melhores resultados em nossa cobertura de grandes bancos, com lucro líquido de R$ 7,9 bilhões e ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) de 20%”, comenta o BBA.
Paulo Albuquerque, analista e sócio da Quantzed, avalia que o Banco do Brasil é um forte candidato a ser o destaque positivo nesta nova temporada.
“O presidente do BB afirmou desde a teleconferência de resultados do primeiro trimestre de 2022 que iria fechar o gap de rentabilidade com os pares privados. O que se vê é que ele prometeu e entregou”, defende.
Albuquerque reforça que, para o Banco do Brasil, não é um mero jogo de “empatar” com os pares privados. O especialista cita o forte comprometimento da administração em transformar a companhia no banco mais lucrativo do país, com promessa de maiores pagamentos de dividendos.
“Continuo confiando no management e acredito que os resultados possam vir bons, sim. Talvez haja algum efeito sazonal, decorrente do cenário eleitoral”, completa.
Percalços de Bradesco
Albuquerque defende que o mercado às vezes coloca expectativas muito irreais sobre as empresas. Isso aconteceu com o Bradesco na temporada anterior, diz.
“O resultado que ‘decepcionou’ na verdade foi em linha com as expectativas e superior ao mesmo período se comparado ano a ano. Então, foi um resultado bom, crescente”, defende o analista.
Albuquerque destaca que o principal problema dos resultados do Bradesco no segundo trimestre foi o mix de crédito, com crescimento na inadimplência – sobretudo a longa.
“Com a estabilidade dos juros agora, e tendo em vista uma reação esperada por parte do management do banco, acho que o Bradesco deve ter melhorado o perfil de crédito e avançado em renegociações”, avalia o sócio da Quantzed.
Para o BBA, no caso do Bradesco, não só as NPLs (taxas de créditos inadimplentes) de varejo estão elevadas, como também existe uma contaminação persistente do portfólio de pequenas e médias empresas.
Além disso, os resultados financeiros na divisão de seguros devem ser negativamente impactados por uma inflação menor e elevadas taxas de sinistralidade.
O BBA cortou as estimativas de lucro líquido em 4% e 10% para 2022 e 2023, respectivamente, a R$ 27 bilhões e R$ 29,2 bilhões. As projeções para despesas com provisões subiram 7% e 17% para 2022 e 2023, chegando a R$ 22,7 bilhões e R$ 27 bilhões.
Seguradoras vão ser destaque
Além do Banco do Brasil, o BBA tem como top picks na temporada de resultados do terceiro trimestre de 2022 a BB Seguridade (BBSE3) e a PagSeguro (PAGS).
Na avaliação dos analistas da instituição, as seguradoras e as empresas de adquirência devem mostrar a melhor dinâmica no terceiro trimestre.
No caso da BB Seguridade, o BBA estima que os resultados operacionais da Brasilseg mitiguem uma dinâmica financeira pior no período.
Já a preferência pela PagSeguro vem da perspectiva de fluxo de caixa positivo, com melhores margens, capex (despesas) menor e capital de giro mais baixo.
Considerando bancos menores, a ABC Brasil (ABCB4) deve ser o destaque positivo em termos de receita e rentabilidade.
O BBA também acredita que o BTG Pactual (BPAC11) atingirá as expectativas altas do mercado, reportando bom lucro líquido, enquanto a B3 deve começar a ver uma recuperação nas receitas.
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