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Banco do Brasil (BBAS3): O ‘canto da sereia’ que piorou os números no 3T24, segundo CFO

14 nov 2024, 12:59 - atualizado em 15 nov 2024, 0:17
Giovanne Tobias
(Imagem: Reprodução)

O agronegócio, que era o grande bastião do Banco do Brasil (BBAS3) para atravessar os últimos anos e garantir lucros e rentabilidades dignos de bancos privados, agora virou fonte de preocupação para investidores e analistas.

No terceiro trimestre, o banco elevou as provisões para calotes em meio à piora do setor, o carro-chefe da estatal. Um conjunto de queda dos preços dos grãos, com clima desaforável e atraso do início do plano safra, piorou a linha.

A ação BBAS3 terminou a sessão desta quinta-feira (14) com queda de 2,24%, a R$ 25,37.



Durante a teleconferência, a inadimplência dominou as perguntas. Em uma das respostas, o CFO do banco, Giovanni Tobias, destacou que o aumento da recuperação judicial do produtor rural agravou a situação, já que nesses casos o banco fica impossibilitado de cobrar as dívidas.

“Essa advocacia predatória prejudica o próprio setor. Porque são ciclos curtos. E geralmente um processo de RJ é um processo muito longo. A não ser que aquele agricultor queira efetivamente sair do setor ou vender aquela propriedade para um novo agricultor que queira plantar, ele não vai ter como, porque ele precisa gerar”, diz.

Segundo Tobias, o banco possui um manual de crédito rural que prevê ‘inadimplências’. “O produtor precisa sentar, renegociar e repactuar. Essas regras, inclusive, são aprovadas pelo Conselho Monetário Nacional. Mas muitos estão caindo nesse canto de sereia da advocacia predatória”, diz.

Segundo dados da Serasa, os pedidos recuperação judicial para produtores cresceram 256% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Soma-se a isso a entrada de RJ de empresas como AgroGalaxy (AGXY3) e Portal Agro.

“Não precisa judicializar para negociar, para sentar e repactuar. A não ser que ele efetivamente resolva sair do setor, porque a safra está aí. A chuva está caindo, eles precisam de recursos, têm que plantar. E se efetivamente ele vai por essa linha de RJ, ele fica esterilizado”.

No terceiro trimestre, as provisões para créditos de liquidação duvidosa do BB cresceram 34,2% ano a ano, com a linha de risco de crédito aumentando 26,9%, explicado principalmente pela elevação da inadimplência no segmento agro. O índice acima de 90 dias passou a 1,97%, de 0,71% um ano antes.

Inadimplência tem CEP

De acordo com Felipe Prince, VP de Controles Internos e Gestão de Risco, a inadimplência está concentrada na soja e no Centro-Oeste. Ele recorda que a cultura não é predominante na carteira do banco, que é liderada pela pecuária, com cenário mais favorável para os próximos anos.

“Depois, temos a carteira de soja, que tem enfrentado alguma dificuldade, mas a própria evolução do plano safra e as janelas que atrasaram, mas estão se concretizando para a próxima safra, trazem também a possibilidade da retomada”.

Ainda segundo ele, não houve perda de rentabilidade.

“O milho também está vivendo um momento bastante favorável com a recomposição das margens no campo. Todo esse cenário, na hora em que se reúne, indica um movimento bastante favorável para que se caminhe para a normalização da inadimplência”

Piora na inadimplência no Banco do Brasil não é generalizada

Já a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, disse que a piora na inadimplência na carteira rural não é generalizada.

“Não existe crise no agronegócio brasileiro”, reforçou.

Medeiros também chamou a atenção para o que chamou de “algo novo”, que é um aumento de pedidos de recuperação judicial do produtor rural, apesar de ainda ter uma representação mínima nos resultados do banco. “É um instrumento utilizado por poucos, mas que traz efeitos negativos a todos”.

“A RJ do produtor rural inviabiliza o acesso ao crédito, compromete a confiança na cadeia do agro, cria uma ruptura na atividade econômica das mulheres e dos homens no campo, e impacta o custo para todo segmento”, reforçou.

Com complemento da Reuters

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