Banco do Brasil (BBAS3): Mercado erra ao precificar ação, vê gestor
O Banco do Brasil (BBAS3) deixou as altas estelares para atrás e deve fechar 2024 com queda de 10%. Além da situação ruim dos mercados, que puxa a maioria dos bancos para baixo, o BB também foi prejudicado pelo aumento da inadimplência no agronegócio, além de certa fraqueza do setor.
Para 2025, o risco é o mesmo. Grandes casas, como Goldman Sachs e Citi, cortaram a recomendação recentemente devido às perspectivas mais difíceis pela frente, citando o agro mais complicado. Mas para o gestor Werner Roger, da Trígono, o mercado agro é retrovisor, mas é preciso olhar para o para-brisa.
“O Banco do Brasil tem uma relevância significativa no agronegócio. Os problemas enfrentados anteriormente já foram precificados e provisionados. Agora, entramos em um momento de safra boa e grande. Eventualmente, produtores que enfrentaram dificuldades no ano passado terão, neste ano, uma produção normal e condições de recuperação”, coloca.
Para ele, a instituição possui garantias que podem ser executadas, dependendo do caso. No entanto, segundo a sua visão, o Banco do Brasil está sendo precificado com base em uma situação passada, que não reflete a realidade presente e futura.
Ele diz ainda que a estatal não se limita ao agro. Ele possui clientes desse segmento que também investem nos fundos e nas diversas áreas do banco.
“Esses clientes, que tiveram um bom ano, destacam o fato de o Banco do Brasil estar sendo avaliado pelo passado, quando, na realidade, pode estar mais bem posicionado para o ano que se inicia do que outros bancos. Diferentemente de bancos maiores, que podem enfrentar desafios com empresas menores, o Banco do Brasil se beneficia de sua exposição ao agronegócio, um setor que promete ser positivo neste e no próximo ano”, coloca.
A alta da Selic, a taxa básica de juros, que pode ultrapassar os 14%, também pode ajudar o banco. Ele diz que áreas como a BB Seguridade e a gestão de ativos, que possuem muitos fundos de renda fixa, acabam registrando ganhos adicionais.
“Com a Selic mais alta, as receitas dos bancos aumentam, já que os empréstimos acompanham esse movimento. Por exemplo, um empréstimo que antes gerava uma receita de 16% pode passar para 18%, resultando em um crescimento significativo”.
Por outro lado, os custos fixos, como pessoal e agências, permanecem estáveis, com ajustes pontuais ao longo do tempo.
“Esse cenário faz com que a receita adicional compense os custos, diluindo-os e aumentando os lucros dos bancos. Assim, o Banco do Brasil, com sua forte presença no agro e uma perspectiva de safra positiva, está bem posicionado para os desafios e oportunidades do próximo ano”.