Banco do Brasil (BBAS3) em queda livre: Ação despenca 12%; mais piora pela frente?

O Banco do Brasil (BBAS3), como esperado, despencou nesta sexta-feira (16) após resultado bem abaixo do esperado.
A ação encerrou a sessão com queda de 12,69%, a R$ 25,67. Na mínima do dia, o papel recuou 14,90%.
Na noite da última quinta-feira (15), o BB publicou lucro de R$ 7,8 bi, queda de 20%, enquanto o consenso do mercado enxergava lucro de R$ 9 bi. Nem os mais pessimistas viam a cifra nesse nível.
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A queda foi resultado de uma tempestade perfeita.
Além da piora da inadimplência do agronegócio, um risco que é acompanho de perto por investidores desde o terceiro trimestre de 2024, a mudança regulatória Resolução nº 4.966, que exigiu do banco fazer provisões, pegou em cheio a margem financeira, inadimplência e o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido).
Ao que parece, a piora deixou o próprio Banco do Brasil em surpresa. A estatal pausou as projeções de lucro, margem financeira bruta e custo de crédito.
Entre analistas, é unânime a visão de que o BB divulgou números bem ruins, suficientes, inclusive, para mudar a recomendação para pior.
O Bradesco BBI, por exemplo, cortou a indicação de compra para neutra, com preço-alvo de R$ 31, potencial de alta de apenas 5%.
A Genial também alterou a recomendação, de compra para neutra, com preço-alvo de R$ 31,40, com corte de quase R$ 10 em relação ao preço anterior.
Os analistas argumentam que as novas mudanças contábeis e a revisão do guidance do banco para 2025, além das preocupações com a qualidade dos ativos, aumentaram a incerteza, com a deterioração de todos os segmentos.
O Bradesco aproveitou para cortar a projeção de lucro em 19% para 2025 e 2026, para R$ 32,6 bilhões e R$ 36,1 bilhões (16% abaixo do consenso para 2025 e 13% abaixo para 2026), respectivamente, “refletindo principalmente o crescimento mais fraco da margem financeira líquida e o aumento das despesas com provisões”.
A casa também espera agora um ROE de 17% para 2025, o que, considerando o custo de capital próprio do banco de 17%, parece precificado de forma justa, considerando o atual múltiplo P/VPA (preço sobre valor patrimonial) de 0,9x.
2025 difícil
Na visão da Genial, diante de um cenário mais desafiador e incerto, há possibilidade de deterioração adicional dos resultados ao longo de 2025.
“Há expectativa de agravamento do ciclo de inadimplência em algumas carteiras no segundo semestre, pressões persistentes sobre a qualidade dos ativos no agronegócio e maior dificuldade de crescimento de receita”.
A casa vê o ROE sustentável de 16,5%, custo de capital de 18,05% e uma taxa de crescimento de 7,0%.
Apesar do valuation atrativo, dizem, com o papel negociando a 0,89x P/VP (preço sobre o valor patrimonial) 2024, 4,2x P/E (preço sobre o lucro) 2025e e 3,8x P/E 2026e, “adotamos uma postura mais cautelosa neste momento do ciclo do crédito rural”.
BB ainda vale compra?
Em comentário, o BTG afirmou que a reação inicial ao olhar os resultados foi pensar em rebaixar a
recomendação da ação.
“Mas não acreditamos que isso nos ajude ou aos nossos clientes. A mudança contábil provavelmente apenas
antecipa o reconhecimento de que o BB não tem um ROE recorrente/sustentável acima de 20%”
Por outro lado, o BTG diz que ninguém precificava a ação para isso — nem de perto.
“Em nosso modelo de Gordon Growth, por exemplo, usamos um ROE sustentável de 17,5% e um CoE igualmente de 17,5%, o que dá um múltiplo justo de 1,0x P/VPA ao final de 2025”.
Nos cálculos do BTG, o BB atualmente é negociado a 0,94x seu valor patrimonial mais recente e a ~5,5x P/L25 se assumir um lucro líquido anual de R$ 30 bilhões (anualizando o lucro do 1T; ~25% abaixo do ponto médio do guidance),.
“Sentimos que isso ainda representa um valuation pouco exigente, que provavelmente ficará ainda mais atrativo — e mais ainda quando comparado com outras opções disponíveis após o forte rali do Ibovespa no ano”.
Eles dizem ainda que vão digerir os números, a mensagem da gestão e, “com sorte, voltaremos na próxima semana com uma mensagem mais clara sobre o que fazer com a ação”.
“Por ora, mantemos nossa recomendação de compra com base em valuation, mas com viés negativo”.
No ano, BBAS3 acumula alta de 8,40%.