Banco do Brasil (BBAS3) e Petrobras (PETR4) estão sendo sucateadas, diz Guerra, da Legacy

O gestor da Legacy Capital, Felipe Guerra, afirmou em evento da Warren, em São Paulo, que tanto o Banco do Brasil (BBAS3) quanto a Petrobras (PETR4) passam por um processo de sucateamento, mesmo com a melhora recente do cenário para o Brasil.
Segundo ele, a valorização dos ativos locais, em meio a um dólar mais controlado, ocorreu apesar das medidas do governo.
“Podemos enumerar o que tem acontecido com a dívida, o parafiscal, toda a questão do sucateamento das estatais, que já se vê nitidamente no balanço do Banco do Brasil, o gasto econômico”, disse.
No caso da Petrobras, Guerra destacou que a estatal vem consumindo o yield (retorno de dividendos) oferecido ao investidor ao realizar gastos considerados “desnecessários”.
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A companhia perdeu cerca de R$ 32 bilhões em valor de mercado após a divulgação dos resultados, pressionada pela percepção de que pretende investir em segmentos menos rentáveis, como distribuição de gasolina e gás.
No Banco do Brasil, o problema foi a combinação entre piora da inadimplência no agronegócio e regras mais duras do Banco Central (BC), que fizeram as provisões dispararem.
O resultado foi um lucro 60% menor, de R$ 3,8 bilhões, com ROE (retorno sobre patrimônio líquido) de apenas 8% no trimestre.
A Legacy chegou, inclusive, a montar posição vendida (short) nas ações do BBAS3 e que projeta uma forte redução no pagamento de dividendos, que podem cair pela metade ou mais.
“O Brasil não fez nada para merecer a melhora. É uma melhora totalmente fruto dos tempos”, avaliou.
Cenário externo positivo ajuda emergentes
De acordo com Guerra, apesar dos pesares, o Brasil pode se beneficiar caso o ambiente global continue favorável.
“Se o Brasil não se atrapalhar, não escorregar em casca de banana, será possível surfar um pouco mais junto com esse cenário global”, afirmou.
Outro fator que deve influenciar os ativos brasileiros é a eleição presidencial de 2026. Parte do mercado espera uma alternância de poder, com um nome mais comprometido com a responsabilidade fiscal.
“Com essa perspectiva de alternância de poder, que existe de fato, cada vez mais estaremos atentos a isso. E, ao mesmo tempo, um cenário externo que ainda é benigno”, disse.
Por outro lado, se o cenário global se deteriorar, o ambiente tende a ficar mais difícil.
“Um cenário externo bom facilita o otimismo em países emergentes. Mas, se virar, a coisa ficará mais complicada, e a volatilidade da eleição tende a ser ainda maior. Com o externo bom, o estrangeiro aceita ficar mais um pouco. Com o externo ruim, ninguém vai aguentar”, concluiu.