Banco do Brasil (BBAS3): Como vitória de Milei na Argentina pode respingar no resultado da estatal, segundo BBI
O Banco do Brasil (BBAS3) não está 100% blindado contra os potenciais impactos da Argentina após eleição de Javier Milei como novo presidente do país, diz o Bradesco BBI, em relatório divulgado nesta segunda-feira (20) pela Ágora Investimentos.
Milei saiu vitorioso neste domingo (19) do segundo turno das eleições presidenciais na Argentina, em disputa contra o adversário peronista Sergio Massa. O candidato ultraliberal recebeu 55,69% dos votos com 99,28% dos votos apurados, ante os 44,30% de Massa.
As propostas de Milei chamam atenção pelo caráter polêmico. No caminho para comandar um país que convive com uma inflação exorbitante de aproximadamente 140% ao ano, os planos do novo presidente eleito vão desde privatizações de empresas públicas e fechamento do Banco Central a dolarização do país.
É esse terceiro e último ponto que pode respingar no Banco do Brasil, de acordo com o time de análise da Ágora.
- Javier Milei vence eleições argentinas; Confira as propostas econômicas do novo presidente e o que esperar dos mercados agora; é só clicar aqui e assistir ao Giro do Mercado:
A corretora explica que o banco estatal brasileiro tem exposição à Argentina por meio de sua subsidiária internacional Banco Patagonia, onde detém cerca de 80% de participação.
Como o Patagonia contribui para a receita líquida de juros do BB, tendo alcançado 7,2% no terceiro trimestre do ano, uma potencial desvalorização cambial em caso de dolarização da economia poderia impactar o resultado do banco, afirma a Ágora.
“Em relação à rentabilidade e ao balanço do Banco Patagonia, a partir do terceiro trimestre, o Patagonia reportou receita líquida de juros de R$ 1,7 bilhão (7,2% do valor do Banco do Brasil no trimestre), com R$ 26,9 bilhões de ativos (1,2% do Banco do Brasil), R$ 6 bilhões de empréstimos (0,6% do Banco do Brasil), R$ 19,4 bilhões de depósitos (1,9% do Banco do Brasil) e R$ 4,1 bilhões de patrimônio líquido (2,4% do Banco do Brasil)”, destacam Gustavo Schroden, do Bradesco BBI, e Renato Chanes, da Ágora.
Os analistas reconhecem, no entanto, que ainda é cedo para medir o impacto total que uma potencial dolarização da economia argentina teria para a unidade de negócios.
A Ágora espera ver já em 2024 contribuições mais baixas dos ganhos de Tesouraria e do Banco Patagonia para o Banco do Brasil.