Banco do Brasil (BBAS3) bate outros bancões no 4T22 e pode ser ‘uma boa pedida’; e no longo prazo?
Entre os bancos listados na Bolsa, o Banco do Brasil (BBAS3) foi o destaque do quatro trimestre de 2022 (4T22), com um “resultado sólido e melhor que o dos pares privados”, afirma a analista da Empiricus Research, Larissa Quaresma.
No período, o lucro líquido ajustado do BB saltou 52,4%, a R$ 9 bilhões. Quaresma explica que, embora tenha sido ajudado por fatores não recorrentes, o montante superou as expectativas do mercado e bateu recorde de geração de resultados trimestrais.
“Não fosse a linha ‘outros componentes do resultado’, positiva em R$ 1,1 bilhão, estimamos que o lucro líquido teria sido de R$ 7,7 bilhões — queda trimestral de 6% —, com retorno sobre patrimônio (ROE) de 21%”, diz a analista da Empiricus. Ainda assim, o resultado superaria os pares e se manteria dentro do guidance de 2022.
Para 2023, o Banco do Brasil projetou um crescimento de 13% no lucro. “Vemos como positivo, mas temos dificuldade de acreditar diante da mudança de gestão”, afirma a Quaresma.
Segundo Raphael Figueredo e Carlos Daltozo, analistas da Eleven, os destaques positivos do resultado foram:
- a margem financeira, que segue em evolução, com alta de 44,9%;
- o controle de custos; e
- a inadimplência, que também segue controlada.
Risco político
Apesar da “boa performance” no quatro trimestre e de ser o bancão mais barato da bolsa, a Empiricus segue com receio sobre as mudanças a serem implementadas pelo governo Lula.
“Os executivos nomeados pelo governo, embora com histórico profissional respeitado, implementarão uma agenda mais voltada para o social, o que pode machucar os lucros no médio prazo”, diz Quaresma.
Mesmo com visão neutra para BBAS3, a analista da casa afirma que, para aqueles focados em dividendos, a ação ainda pode ser uma “boa pedida” no curto prazo.
Na avaliação do Inter Research, a estatal encerra um ao de 2022 “extraordinário” e tem um guidance agressivo para 2023. Apesar disso, olhando mais para frente, a depender do cenário de inadimplência, que continua crescendo, a instituição projeta desafios para a manutenção do nível de rentabilidade atual do Banco do Brasil.
O Inter tem recomendação “neutra” para o nome, com preço-alvo de R$ 42.
O que foi destaque?
Nas carteiras de crédito do Banco do Brasil, o destaque foi o agronegócio, que cresceu para R$ 310 bilhões. Quaresma afirma que o reapreçamento das operações e o crescimento da carteira impulsionaram o desempenho. A linha também foi ajudada pelo resultado da tesouraria do Banco Patagônia, controlado pelo BB, que contribuiu com R$ 2,7 bilhões.
A carteira ampliada de crédito cresceu 4% no trimestre, superando os R$ 1 trilhão.
A receita de serviços, por sua vez, teve uma queda de 1%, mesmo em um trimestre tradicionalmente forte pelo recolhimento das taxas de administração dos fundos. Segundo a analista da Empiricus, a queda foi gerada pelas receitas de administração de fundos (-7%), conta corrente (-2%) e cartões de crédito e débito (-4%).
Já as despesas administrativas tiveram um crescimento de 6%, fruto do dissídio coletivo de 8% implementado em setembro.
E a inadimplência do Banco do Brasil?
Em relação à inadimplência do Banco do Brasil, a Americanas (AMER3) causou um aumento trimestral de 44% na provisão para perdas de crédito, que somou R$ 6,5 bilhões.
O BB provisionou 50% da sua exposição à varejista, de R$ 1,6 bilhão no total, o que gerou um impacto de R$ 788 milhões na despesa.
De acordo com Quaresma, mesmo sem Americanas, a linha ainda teria crescido 27%, já que o índice de empréstimos atrasados há mais de 90 dias foi de 2,5%. “Essa deterioração se deve ao segmento de pessoa física, no qual o BB optou por migrar para linhas de crédito de maior risco”, explica.