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Banco do Brasil (BBAS3) a R$ 75: Por que Santander vê ação disparar quase 60% em 4 meses

08 ago 2023, 13:22 - atualizado em 08 ago 2023, 13:22
Banco do Brasil
Banco do Brasil caiu na preferência do Santander (Imagem: Banco do Brasil/Divulgação)

O Santander é uma das casas mais otimistas com o Banco do Brasil (BBAS3), que deverá divulgar o seu resultado na próxima quarta-feira (9).

Em maio, a corretora elevou o preço-alvo das ações da estatal de R$ 62 para R$ 75 até o final de 2023, o que abriria espaço para disparar 58% ante o último fechamento. E, em sua última carteira recomendada de ações, o BB aparece em destaque.

De acordo com os analistas, o preço reflete:

  • um aumento da premissa de ROAE (retorno sobre o patrimônio líquido) sustentável para 18% (vs. 16%);
  • uma projeção de lucro líquido ajustado em 2023 de R$ 36,8 bilhões (ante R$ 35,6 bilhões);

O Santander calcula que o banco negocie a um múltiplo P/VPA (preço sobre valor patrimonial) de 0,75x, abaixo do árduo período de 2015 e 2016, momento em que o ROE atingiu o patamar de 7,5% (2016). Em termos comparativos, o ROE do BB no primeiro trimestre foi de 21%.

“Dessa forma, por muito que compreendamos o risco político por ser uma companhia estatal, acreditamos que ainda existe um risco assimétrico em seu valuation, que ficou ainda mais visível após a publicação do guidance para 2023”, discorre.

Além disso, a corretora nota que o BB conseguiu fechar a diferença de rentabilidade para os bancos privados. “Acreditamos que o próximo passo é estreitar o gap de valuation”, completa.

Outro ponto de vantagem para o BB é que, mesmo em caso de piora do cenário macroeconômico, o banco está em uma posição melhor, dada a sua exposição ao setor do agronegócio, que sustentou o PIB brasileiro nas últimas décadas.

“Isso também deve ser positivo quando se considera a qualidade dos ativos (inadimplência), que esperamos ser controlado ao longo de 2023”, argumenta.

Por fim, o Santander diz que a interferência política é menor do que o mercado considera, dada a melhoria dos padrões de governança corporativa do banco. “Todavia, acreditamos que qualquer impacto negativo na lucratividade do banco devido à uma possível interferência política só seria visto em 2024”, sustenta.

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O que pode ajudar e atrapalhar o Banco do Brasil?

O Santander cita quatro pontos que podem ajudar a ação a disparar. São eles:

  • manutenção do bom momento de lucros visto em 2022 ao longo de 2023;
  • valuation atraente, negociando a 3,7x P/L (2023E), ‘atualmente a ação mais barata do setor de bancos’;
  • crescimento na concessão de crédito;
  • retomada da economia mais rápida que o esperado.

Na outra ponta, a corretora vê três riscos:

  • potencial enfraquecimento da economia brasileira devido aos elevados índices de endividamento das famílias no país, impactando o crescimento do crédito do sistema e, consequentemente, o potencial de volume do Banco do Brasil;
  • cenário macroeconômico se deteriorando materialmente, fazendo com que as taxas de inadimplência superem nossa expectativa de retorno aos níveis pré-Covid;
  • ameaça competitiva acima do previsto pelo impacto das fintechs, ou seja, indo além das taxas e afetando as concessões de crédito.

O que esperar do resultado?

Segundo os analistas Henrique Navarro, Arnon Shirazi e Anahy Rios, o Banco do Brasil deverá divulgar resultados trimestrais saudáveis novamente, com crescimento de 11% no lucro ajustado, para R$ 8.685 bilhões.

“Acreditamos, no entanto, que todos os olhares devem estar voltados para um provável aumento de provisões a ser anunciado ao longo do segundo trimestre, após uma deterioração maior do que o esperado na inadimplência”, completa.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.