Banco do Brasil (BBAS3): Ação chega a cair 3% após resultados; o que mercado não gostou?

O Banco do Brasil (BBAS3) conseguiu bater as expectativas, o que não foi suficiente para convencer o mercado. A ação fechou em queda de 2,98%, a R$ 28.
Isso porque mais do que as linhas principais, os investidores também olham com lupa a qualidade dos resultados.
Ou seja, segmentos mais arriscados que cresceram, margens que caíram, inadimplência no agro ainda alta. Além do mais, entram na equação as projeções para 2025, que, de acordo com algumas casas, ficaram abaixo do esperado.
- LEIA TAMBÉM: BB Seguridade anuncia R$ 4,4 bilhões em dividendos, mas não está entre as 5 ações preferidas para investir agora; entenda
Somado a isso, há o fato da ação ter subido mais de 20% no ano. Ou seja, o mercado aproveita para realizar os lucros.
Banco do Brasil: O que preocupa?
Para o ano, o banco espera lucro de R$ 39 bilhões, crescimento de apenas 2,9% abaixo da estimativa da Genial, por exemplo, de R$ 40 bilhões.
Na visão da XP, os números foram fracos. Os analistas argumentam que a qualidade dos ativos levantou algumas preocupações. Eles destacam cinco pontos. São eles:
- pelo segundo trimestre consecutivo, a PDD (provisão para perdas) ficou abaixo da formação de NPL (os empréstimos bancários que não foram pagos pelos seus clientes);
- reduziu o guidance para o crescimento da carteira de crédito;
- os índices de capital caíram acentuadamente;
- a Resolução 4.966 provavelmente será um obstáculo à frente;
- redução do payout para um intervalo de 40-45% (anteriormente 45%)
Os analistas dizem ainda que apesar de indicar uma recuperação ao longo de 2025, o banco demonstrou maior cautela. “Embora o novo guidance para o lucro líquido sugira um crescimento modesto de 2%, começamos a questionar a viabilidade dessa meta”, dizem.
Já o analista Matheus Lima, da Levante, diz que a provisão e os níveis de NPL cresceram, enquanto houve queda no índice de cobertura – ou seja, o provisionamento do banco sobre a PDD acima de 90 dias tem caído – são fatores relevantes.
Além disso, o banco passa por uma mudança para o IFRS 9 (novos padrões para medir a deterioração de ativos financeiros).
“Essa transição naturalmente vai demandar um pouco mais de provisão na largada, na concessão do crédito. Embora essa mudança seja faseada, deve impactar o consumo de capital no C2 ou nos níveis de capital proprietário do banco. A qualidade da carteira de crédito tem sido bastante questionável nesse sentido.”
Larissa Quaresma, na Empiricus, também argumenta que os resultados foram fracos.
“Apesar de ter superado o consenso em 2% e entregue um ROE saudável, de 20,8%, chama atenção a queda contínua no índice de cobertura, que mede o quão conservador o banco tem sido nas provisões versus o atraso em carteira O guidance 2025 veio fraco, possivelmente apontando para uma queda de ROE em 2025, na nossa leitura”, sustenta.
Agro ainda machuca
Para a Genial, a qualidade dos ativos rurais seguiu piorando além do esperado, com impacto significativo na necessidade de provisões ao longo do ano.
No quarto trimestre, o indicador acima de 90 dias encerrou dezembro/24 em 3,32%, influenciado, principalmente, pela elevação observada no segmento agro, linha que mostra deterioração desde o segundo trimestre.
Para se ter uma ideia, o índice de inadimplência do crédito agro apresentou elevação de 48 bps no trimestre, impactado por questões conjunturais que afetaram o fluxo de caixa do produtor rural.
O setor passa por uma crise de inadimplência com aumento de recuperações judicias, que registraram 295 pedidos no quarto trimestre, alta de 39% em relação ao mesmo trimestre de 2023, segundo dados da Monitor RGF.
Contudo, os executivos acreditam que o pior tenha passado.
“Com o crescimento previsto para a safra 2025, de safra recorde, (o BB) tende sim a melhorar bastante a qualidade da carteira (do agronegócio)”, afirmou a presidente-executiva, Tarciana Medeiros.