Banco da Inglaterra se distancia de BCE sobre controle de rendimentos de títulos
Nesta semana, o Banco da Inglaterra deve se distanciar ainda mais do Banco Central Europeu e de outras instituições monetárias que tentam controlar a alta dos rendimentos dos títulos.
Uma semana após o BCE ter prometido acelerar o ritmo de compras de ativos, autoridades do BOE, que se reúnem na quinta-feira, devem manter a velocidade do programa.
O banco central britânico tem ignorado a alta dos custos de financiamento do mercado que empurrou o rendimento dos títulos de 10 anos do Reino Unido para o nível mais alto desde antes do início da pandemia no ano passado.
Enquanto o BCE vê os rendimentos mais altos como ameaça para a recuperação já atrasada da zona do euro, o presidente do BOE, Andrew Bailey, disse na segunda-feira que o movimento é um sinal de otimismo de que a economia está prestes a se recuperar da pior recessão em três séculos.
O Reino Unido também se beneficia da rápida distribuição de vacinas contra o coronavírus liderada pelo primeiro-ministro Boris Johnson, o que aumenta a perspectiva de que a maioria das restrições da Covid-19 seja eliminada até o fim de junho.
“A pressão deflacionária parece muito mais enraizada na zona euro do que no Reino Unido ou nos EUA”, disse Steven Barrow, responsável por estratégia do G-10 no Standard Bank. “Podemos entender por que o BCE está mais temeroso.”
A postura de Bailey coloca o BOE mais em linha com o Federal Reserve dos EUA em sua resposta aos investidores, que impulsionaram os rendimentos globalmente confiantes de que um boom pós-pandemia está a caminho.
A libra está perto da cotação mais alta em relação ao euro em mais de um ano. Os rendimentos dos gilts, os títulos de referência do governo britânico, aumentaram mais de meio ponto percentual nos últimos três meses, mais do que em qualquer outra grande economia da Europa Ocidental.
“Vimos certo aumento das taxas de juros no último mês ou mais, assim como em outros países”, disse Bailey na segunda-feira em entrevista à rádio BBC. “Minha avaliação até agora é consistente com a mudança no cenário econômico.”
Com a taxa básica em mínima histórica de 0,1%, o foco está no programa de aquisição de ativos do BOE, com compras de 150 bilhões de libras (US$ 208 bilhões) em títulos este ano para manter os juros do mercado sob controle. Economistas buscam sinais de quando o Comitê de Política Monetária poderia ajustar o ritmo compras – seja para apertar ou afrouxar o estímulo – de cerca de 4,4 bilhões de libras por semana atualmente.
“Espero que os ‘doves’ do CPM lembrem a todos que não é porque você tem como vacinar as pessoas que pode justificar esse tipo de aperto nas condições financeiras”, disse Fabrice Montagne, economista do Barclays em Londres, em referência aos membros do BOE inclinados ao afrouxamento da política monetária.