Banco da Inglaterra quer saber onde está o modelo de negócio do projeto Diem
Andrew Bailey, presidente do Banco da Inglaterra (BoE), questionou o modelo de negócios do projeto de stablecoin Diem (anteriormente conhecido como Libra).
Em um evento dessa quarta-feira (6) do Comitê de Tesouro britânico com diversos membros do Parlamento britânico, Bailey foi questionado pelo parlamentar Steve Baker sobre as questões de privacidade relacionadas a moedas digitais emitidas por bancos centrais (CBDCs), ou criptomoedas que são apoiadas, de alguma forma, por reservas de bancos centrais.
Bailey respondeu à pergunta, direcionando o foco à Diem.
“Uma das coisas que, sem dúvidas, surgiu no ano passado é uma proposta chamada Libra — que agora se chama Diem —, associada ao Facebook”, disse ele, acrescentando:
Isso gerou algumas reações, é claro. Mas uma das questões é: onde está seu modelo de negócios? Realmente inclui a privacidade de informações, em termos de acesso?
Não seria [um acesso] pelos bancos centrais, é claro. Seria um acesso à informação pelo setor privado.
A stablecoin proposta, anteriormente conhecida como Libra e inicialmente impulsionada pela gigante rede social Facebook, foi renomeada para Diem em dezembro.
Segundo Stuart Levey, diretor executivo da Diem Association, a decisão de alterar o nome sinaliza a “crescente maturidade e independência” do projeto.
Não foi a primeira vez que Bailey criticou o design da Diem. Em novembro, em evento do Banco Central Europeu (BCE), o presidente do Banco da Inglaterra havia dito: “o nível está altíssimo para stablecoins privadas e eu não acho que eles chegaram a esse nível”.
No evento dessa quarta-feira, Anil Kashyap, membro externo do Comitê de Políticas Financeiras, que monitora o risco sistêmico no sistema financeiro britânico, disse que o Banco da Inglaterra está planejando publicar um documento de discussão em março, apresentando a postura do banco central sobre CBDCs.
“Acredito que nosso documento de março nos colocará em uma posição de liderança em relação a muitos outros países”, disse ele.
Kashyap também afirmou que ele não acha inevitável que o surgimento de moedas digitais para o varejo, emitidas e lastreadas por bancos centrais, indique o desaparecimento do “private banking” — algo questionado durante o evento.
