Banco Central quer tornar permanente medida de liquidez bancária, diz Campos Neto
O Banco Central tornará permanente uma medida adotada no ano passado que permite empréstimo a instituições financeiras com lastro em debêntures, um tipo de título privado, em vez de títulos públicos, como era antes o caso.
A Linha Temporária Especial de Liquidez foi anunciada em março do ano passado como parte de uma série de medidas do BC em combate aos efeitos econômicos da crise da Covid-19, que à época estava ainda no início.
Na ocasião, o BC informou que o potencial de liberação de recursos ao mercado com a medida era de 91 bilhões de reais. O pacote completo de ações anunciado em conjunto poderia liberar 1,2 trilhão de reais na economia.
Em evento online transmitido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta terça-feira, como parte de seus Encontros de Primavera e gravado em 1º de abril, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que isso ajudará os bancos e o nascente mercado de títulos corporativos do Brasil.
“Isso muda toda a cadeia de emissão de dívida privada e a forma como vemos a dívida privada. Os bancos podem cobrar menos prêmio quando mantêm dívida privada no balanço, porque agora sabem que podem obter liquidez com isso”, disse Campos Neto.
“Esta é uma mudança que vamos tornar permanente e estamos projetando um sistema para torná-la permanente”, acrescentou.
Sobre política monetária e inflação, Campos Neto repetiu sua visão de que o aumento antecipado das taxas de juros significa que não será necessário elevar tanto a Selic ao longo do ciclo de aperto.
O BC iniciou uma “normalização parcial” da política monetária no mês passado, elevou a taxa básica de juros Selic em 75 pontos-base, para 2,75%, e, salvo grande mudança na perspectiva, prometeu repetir a dose em maio.
A inflação está bem acima da meta perseguida pelo BC para o fim do ano, de 3,75%; a taxa de câmbio está fraca, e as perspectivas fiscais estão se deteriorando. Tudo isso aponta um aperto monetário contínuo, apesar da pandemia e da piora do cenário para crescimento.
Campos Neto também alertou que o aumento dos custos dos empréstimos em algumas economias avançadas resultará em “certo nível de angústia” para países emergentes como o Brasil.