Banco Central: Por que a queda na gasolina é positiva para a Selic?
Na noite desta quinta-feira (19), a Petrobras (PETR3; PETR4) elevou o preço do diesel e cortou o preço da gasolina em R$ 0,12 por litro para as distribuidoras. Dessa forma, o preço médio será de R$ 2,81 por litro, enquanto o diesel passará a ser de R$ 4,05 por litro.
Rafael Passos, analista da Ajax, explicou ao Money Times que no panorama geral, não acontece nenhuma grande mudança em relação ao cenário.
“Teoricamente, essas quedas, principalmente de diesel e gasolina, são positivas porque o impacto que eu tenho disso numa inflação é menor. A inflação contem alguns itens voláteis, mas que tem uma representatividade maior, ligados à energia e principalmente aqui, com o combustível“.
Segundo Passos, quando uma redução ocorre nesses preços, isso se torna um pouco mais positivo para os dados inflacionários.
“Isso é positivo para os juros porque vai em linha com convergência da inflação à meta e continuidade dessa queda de 50 ponto percentual que a gente têm visto”.
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Queda na gasolina: Os planos do Banco Central mudam?
Passos explica que o corte da gasolina em nada muda o direcionamento do Banco Central sobre a redução na Taxa Selic.
Isso porque, no momento em que se olha para o lado qualitativo da inflação, sobretudo em serviços, têm mostrado uma desaceleração mais forte. Segundo o analista da Ajax, o que mais importa para o BC são os núcleos
“A partir do momento em que a gente tem os núcleos desacelerando, que é o que vem mostrando, isso, sim, de fato, tem sido o grande direcionador para o BC continuar a redução de juros“, avalia.
Fiscal e cenário internacional
O mercado também acredita que o cenário fiscal pode atrapalhar o ritmo de queda na Selic.
Nesse sentido, desde o final de agosto, o Ministério da Fazenda tenta caminhar com o projeto de lei que determina a taxação dos fundos offshores, que são as aplicações financeiras no exterior, e dos exclusivos – conhecidos como super-ricos.
Essa taxação faz parte do plano da equipe econômica para elevar a arrecadação e atingir a meta do arcabouço fiscal, de zerar o déficit já em 2024.
O fato é que o texto parece não ter convencido a todos e, segundo o deputado Pedro Paulo, o problema está nas diferenças de tributação entre os fundos offshore e exclusivos, que teria criado um prejuízo para os investidores que têm recursos fora do país.
Apesar disso, para André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGV/IBRE, o problema fiscal não é uma barreira, mas a guerra entre Hamas e Israel talvez possa ser uma pedra no sapato, fazendo com que o Comitê de Política Monetária (Copom) reavalie os efeitos desse conflito no caminhar da queda nos juros.
“Não vejo no momento o problema fiscal como barreira; o risco maior é a guerra. Se este provocar um aumento da inflação global, poderá provocar uma mudança da política monetária, ainda que esse caso não se configure um problema de demanda”.