Economia

Banco Central pode voltar a elevar Selic com expansão de gastos em 2023; entenda

17 nov 2022, 14:09 - atualizado em 17 nov 2022, 14:09
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Roberto Campos Neto, presidente do Banco Centra, afirma que é cedo para comemorar os dados de inflação no Brasil. (Imagem: REUTERS/ Adriano Machado)

O risco fiscal envolvendo o novo governo, que tanto preocupa o mercado, chegou ao Banco Central. A sugestão de PEC de Transição entregue ao Senado prevê R$ 198 bilhões em gastos fora do teto.

Com isso, surge no radar a possibilidade de postergação de cortes na taxa básica de juros ou mesmo novas altas na Selic, uma vez que a expansão fiscal e aumento de benefícios sociais podem impactar no combate à inflação.

Os mais otimistas apostam que o Banco Central poderia começar a afrouxar a política monetária já no primeiro trimestre do ano que vem, embora a maioria enxergue cortes para o segundo semestre – se tudo sair como o planejado: controle da inflação, redução nas pressões internacionais, queda do dólar e responsabilidade fiscal.

“Certamente uma política fiscal pouco austera vai exigir que o Banco Central se comporte com mais aperto monetário para segurar a pressão inflacionária oriunda dos gastos públicos excessivos”, afirma Andressa Bergamo, sócia-fundadora da AVG Capital.

Em sua última ata, o Comitê de Política Monetária (Copom) destaca que o aumento de gastos de forma permanente e a incerteza sobre sua trajetória a partir do próximo ano podem elevar os prêmios de risco do país e as expectativas de inflação.

“O Comitê reitera que há vários canais pelos quais a política fiscal pode afetar a inflação, incluindo seu efeito sobre a atividade, preços de ativos, grau de incerteza na economia e expectativas de inflação.”

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Deflação, mas nem tanto

Além da PEC de Transição, outra preocupação do Banco Central é a inflação – que deu uma trégua, mas ainda segue alta.

Durante o evento do Lide, grupo fundado pelo ex-governador João Doria, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que é cedo para comemorar os dados de inflação no Brasil.

Apesar de três deflações seguidas, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) voltou a subir 0,59% em outubro. Com isso, o acumulado em 12 meses foi de 6,47%.

“Apesar de grande parte da melhora da inflação recente ser devido a medidas do governo, existem indicadores incipientes que mostram uma melhora qualitativa. É cedo para comemorar, nós precisamos persistir no combate à inflação, precisamos persistir em atingir as nossas metas”, disse.

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