Economia

Banco Central pode voltar a elevar a Selic nos próximos seis meses; entenda

22 set 2022, 11:47 - atualizado em 22 set 2022, 11:48

O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu pela manutenção da taxa Selic em seu atual patamar de 13,75% ao ano, sinalizando uma pausa no ciclo mais longo de alta desde 1999.

O Banco Central não confirmou o fim do aperto monetário, e deixou claro que novos reajustes podem acontecer caso a inflação volte a subir.

Nos últimos dois meses, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou quedas puxadas, principalmente, pela redução nos preços dos combustíveis. No entanto, a expectativa é de que a taxa volte a avançar.

Para Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica para América Latina do banco Goldman Sachs, o mercado já pode se preparar para novos reajustes na taxa básica de juros nos próximos meses.

“No curto prazo, entre quatro e seis meses, o risco é de que a Selic tenha que ser ainda mais alta devido às pressões de serviços e núcleos de inflação ainda intensas, atividade robusta do mercado de trabalho, incertezas em torno da postura fiscal, inflação global e políticas monetárias globais”, diz.

Além disso, a autoridade monetária só deve começar a cortar a taxa no final do segundo trimestre de 2023 ou, possivelmente, no terceiro trimestre.

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Volta do aperto

Entre os fatores que indicam que o Banco Central não desistiu das altas na taxa de juros, um deles é que o consenso na decisão de manter a Selic no seu atual patamar não foi unânime. Os dirigentes Fernanda Magalhães Rumenos Guardado e Renato Dias de Brito Gomes votaram a favor da elevação residual de 0,25 ponto percentual.

Ramos destaca que, curiosamente, os dois votos contrários foram dos diretores de assuntos internacionais e de licenciamento. Ou seja, eles estão olhando para problemas externos que podem afetar o Brasil.

O Federal Reserve, por exemplo, anunciou a terceira alta consecutiva de 0,75 pp nos juros e deixou a porta aberta para mais alguns reajustes. As decisões do banco central americano tendem a mexer com o dólar.

E o câmbio é sentido nas importações e exportações. A cadeia de produção brasileira depende de matérias-primas importadas. Com o câmbio fortalecido, esses insumos ficam mais caros e o valor é repassado para o consumidor.

Além disso, as indústrias dão preferência em exportar os seus produtos a vendê-los localmente. Isso reduz a oferta de produtos no país e eleva os seus preços. Esses dois fatores fazem com que o combate à inflação brasileira fique mais difícil.

As ameaças nucleares russa contra a Ucrânia e o conflito entre a China e Taiwan também podem afetar o mercado de commodities.

“O cenário global permanece adverso e volátil com as contínuas revisões em baixa das perspectivas de crescimento das principais economias. O ambiente inflacionário está sob pressão, enquanto o processo de normalização da política monetária nas economias avançadas segue em direção a taxas contracionistas”, afirma Ramos.

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