Economia

Banco Central pegou leve com o problema fiscal de 2024, avaliam economistas; confira

01 fev 2024, 10:46 - atualizado em 01 fev 2024, 10:46
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O Banco Central não deu muito destaque em seu comunicado para o impacto da política fiscal na inflação. (Imagem: Agência Brasil)

Ontem, o Comitê de Política Monetária (Copom) cortou a Selic em 0,50 ponto percentual. Com isso, a taxa básica de juros passou do patamar de 11,75% para 11,25% ao ano. O reajuste já estava projetado pelo mercado, mas o que chamou a atenção foi o comunicado.

O Banco Central fez poucas mudanças no texto e também não deu muito destaque para o impacto da política fiscal na inflação.

“Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”, diz o comunicado.

Vale lembrar que o Ministério da Fazenda anda com problemas para avançar com o plano para atingir a meta de zerar o déficit público já em 2024. O maior desafio agora é a desoneração da folha de pagamento: enquanto o ministro Fernando Haddad quer uma retomada gradual dos impostos, o Congresso quer ampliar a desoneração até 2027.

Além disso, recentemente, o governo anunciou a Nova Indústria Brasil (NIB) e a avaliação do mercado é que o plano seria incompatível com o objetivo de sustentabilidade fiscal.

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“O Copom se esquivou de temas polêmicos, como a piora dos serviços subjacentes nos últimos IPCA e IPCA-15 e o Nova Indústria, que introduz um risco altista à taxa de juros real neutra, preferindo condicionar os próximos passos à evolução dos dados nos próximos meses”, afirma Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.

Já os analistas da Genial Investimentos destacam que essa comunicação do Copom ocorre em um cenário de elevação das incertezas em torno da execução da política fiscal. Além disso, existe uma elevação da probabilidade de mudança da meta de resultado primário no primeiro semestre de 2024, decorrente da combinação entre as incertezas em torno da capacidade do governo em aumentar as receitas com as medidas já aprovadas e a ausência de inclinação do governo em contingenciar despesas.

“Este cenário demanda serenidade e moderação na condução da política monetária, reforçando a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em maior grau, o de 2025, que se encontra desancorada em 3,5%”, apontam em relatório.

Banco Central sinaliza mais cortes na Selic

O reajuste de ontem foi o quinto desta magnitude desde que o início do afrouxamento monetário, em agosto do ano passado. E o mercado já pode se preparar para, pelo menos, mais cortes de 0,50 pp nas próximas duas reuniões (de março e maio), o que levaria a Selic para 10,25%.

Vale lembrar que o presidente Roberto Campos Neto afirmou, no final do ano passado, que quando o BC fala em cortes de juros da mesma magnitude, ele está considerando duas reuniões para frente. Por isso, a expectativa de uma queda total de até 1 pp.

No entanto, para essa projeção se concretizar, o Banco Central destaca que tudo tem que das certo no cenário esperado. No caso, o esperado pela autoridade monetária é a consolidação não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.

“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, diz o comunicado.

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