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Com Repetro e criptoativos, Banco Central passa ver déficit em transações correntes de US$ 21 bi em 2021

30 set 2021, 8:50 - atualizado em 30 set 2021, 15:55
Banco Central
Nas contas do BC, a balança comercial no ano que vem terá superávit maior, de 60 bilhões de dólares (REUTERS/ Ueslei Marcelino)

O Banco Central piorou nesta quinta-feira sua estimativa para o desempenho das transações correntes neste ano a um déficit de 21 bilhões de dólares, ante superávit de 3 bilhões de dólares projetado em junho, sob a influência de importações ligadas ao regime Repetro e à compra de criptoativos pelos brasileiros.

Em seu Relatório Trimestral de Inflação, o BC afirmou que a revisão para 2021 reflete principalmente a expectativa de menor saldo da balança comercial por conta do aumento das importações.

Agora, o BC vê um superávit para as trocas comerciais de 43 bilhões de dólares neste ano, bem abaixo dos 70 bilhões de dólares calculados anteriormente.

Enquanto elevou as importações previstas para o ano em 29 bilhões de dólares, a 239 bilhões de dólares, para as exportações o ajuste foi muito menor: a nova projeção passou a 282 bilhões de dólares, de 280 bilhões de dólares antes.

Segundo o BC, vêm ganhando relevância algumas operações que não são computadas pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia, mas sensibilizam o balanço de pagamentos.

De um lado, há as importações fictas (operações contábeis que não envolvem a entrada de mercadorias no país) no âmbito do Repetro, que continuaram sendo observadas mesmo após o fim do prazo de migração para a modalidade Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) no fim de 2020.

O Repetro é o regime aduaneiro especial de exportação e de importação de bens destinados às atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e gás natural.

“O desembaraço tardio dessas operações ensejou revisão nas projeções das importações”, disse o BC.

De outro lado, compras crescentes de criptomoedas, que também ficam de fora dos cálculos do Ministério da Economia, têm afetado as projeções de importações.

Em coletiva de imprensa, o diretor de Política Econômica do BC, Fabio Kanczuk, afirmou que a compra de criptoativos chegou a 4 bilhões de dólares nas importações até agosto.

Segundo o presidente do BC, Roberto Campos Neto, o mundo de criptomoedas no Brasil cresceu muito como veículo de investimento.

“Mas lembrando que uma moeda tem uma função de meio de pagamento. Quando a gente olha o que tem acontecido com a criptomoeda em termos de meio de pagamento tem crescido bem menos, bem pouco. Então o crescimento é basicamente atrelado a esse desejo de ter moeda como um investimento”, disse.

Campos Neto
Segundo o presidente do BC, Roberto Campos Neto, o mundo de criptomoedas no Brasil cresceu muito como veículo de investimento (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Quanto aos Investimentos Diretos no País (IDP), o BC ajustou sua estimativa para 55 bilhões de dólares em 2021, sobre 60 bilhões de dólares antes, patamar que deve subir para 60 bilhões de dólares em 2022.

Kanczuk avaliou que as contas externas brasileiras estão “supersaudáveis”, apesar de revisão promovida pelo BC para 2021, e que “não dá para se preocupar em absoluto com isso”.

Ele reforçou que o déficit em transações correntes previsto para 2021 é “minúsculo” e facilmente coberto pelo volume projetado de IDP.

Nas contas do BC, as transações correntes no ano que vem devem ter déficit menor, de 14 bilhões de dólares, com um superávit comercial maior, de 60 bilhões de dólares.

(Atualizada às 15:26)

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