Economia

Banco Central passa a ver menos crescimento em 2021 com lentidão na retomada do emprego e da normalidade

17 dez 2020, 9:16 - atualizado em 17 dez 2020, 9:16
Sede do Banco Central em Brasília
“Essa mudança embute elevação do carregamento estatístico após a revisão das projeções para 2020 e perspectiva de menores taxas trimestrais de variação do que previsto no Relatório de Inflação de setembro”, disse o BC (Imagem: Reuters/Adriano Machado)

O Banco Central piorou levemente sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2021 a um crescimento de 3,8%, ressaltando que a revisão reflete expectativa de antecipação da recuperação esperada para este ano, além de uma retomada mais lenta no mercado de trabalho e na volta à normalidade após as restrições impostas pela pandemia do coronavírus.

A perspectiva, publicada no Relatório Trimestral de Inflação nesta quinta-feira, vem após alta de 3,9% calculada em setembro para o PIB do próximo ano.

O BC frisou, mais uma vez, que suas estimativas foram feitas sob “incerteza acima da usual sobre o ritmo de crescimento da economia“, sendo novamente condicionadas ao arrefecimento gradual da crise sanitária, à manutenção do regime fiscal e ao cenário de continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira.

“Essa mudança embute elevação do carregamento estatístico após a revisão das projeções para 2020 e perspectiva de menores taxas trimestrais de variação do que previsto no Relatório de Inflação de setembro”, disse o BC.

“Em parte, essa revisão reflete a antecipação da recuperação econômica esperada, ao menos para alguns setores e componentes da demanda, para o ano de 2020. P

or outro lado, o menor crescimento trimestral também é consequência da recuperação mais lenta do mercado de trabalho e dos índices de mobilidade”, completou.

Para este ano, a autoridade monetária revisou sua estimativa a uma contração de 4,4%, melhora frente a uma queda de 5% vista anteriormente, movimento em linha com o que já vinha sendo promovido pelo mercado e pelo próprio governo.

Segundo a autoridade monetária, a revisão da série histórica do PIB, que produziu elevação das variações interanuais nos dois primeiros trimestres de 2020, aliada ao desempenho no terceiro trimestre ligeiramente melhor do que o antecipado, na mesma métrica, contribuíram para esse ajuste.

“No mesmo sentido, indicadores de frequência mais elevada sugerem continuidade da recuperação da atividade econômica no quarto trimestre”, disse o BC no relatório.

Em comparação, o Ministério da Economia prevê alta do PIB de 3,2% em 2021, após recuo de PIB de 4,5% este ano, no que será o pior desempenho histórico da economia brasileira, na esteira dos impactos do surto de Covid-19 sobre a atividade.

Já os economistas ouvidos pelo BC no mais recente boletim Focus projetam uma expansão da atividade de 3,50% no ano que vem e tombo de 4,41% neste.

Para este ano, o BC melhorou sua previsão para a agropecuária a uma alta de 2,3% (sobre 1,3% antes), ao mesmo tempo em que passou a ver uma queda menos intensa da indústria, de 3,6% (-4,7% antes), e do setor de serviços, com contração de 4,8% (-5,2% antes).

Pelo lado da demanda, o BC piorou suas contas para o consumo das famílias e do governo a quedas de 6% e 4,8% em 2020, contra recuos de 4,6% e 4,2% antes. Por outro lado, melhorou sua estimativa para investimentos a uma retração de 4,4% em 2020, frente a 6,6% antes

Quanto à política monetária, o BC reforçou a mensagem que já vinha ressaltando em suas últimas comunicações públicas.

Na semana passada, o BC manteve a Selic em sua mínima histórica de 2% ao ano pela terceira reunião consecutiva do Comitê de Política Monetária (Copom) e destacou que, em função do quadro inflacionário, as condições para seu compromisso de não elevar os juros básicos –via forward guidance– podem em breve não estar mais satisfeitas.

Apesar disso, o BC destacou que uma alta da Selic não seria um processo mecânico.