Política

Banco Central: Lula vê traição de Roberto Campos Neto, diz jornal

04 fev 2023, 15:08 - atualizado em 04 fev 2023, 15:08
Roberto Campos Neto, Banco Central, Lula
Indicado por Bolsonaro, Roberto Campos Neto é criticado por Lula, que se posiciona contra autonomia do Banco Central. (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O atrito segue entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Banco Central. Segundo a Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, Lula considera que Roberto Campos Neto traiu a confiança do governo e tenta arrastar o país para uma recessão.

Lula e ministros de seu governo parecem ter depositado no presidente do Banco Central disposição para dialogar e participar de um esforço conjunto para que o Brasil supere os problemas econômicos.

No entanto, em seu comunicado de quarta-feira (1), o Comitê de Política Monetária (Copom) endureceu o discurso em relação ao futuro da Selic e apontou que deve deixar a taxa básica de juros em patamares altos por mais tempo. A justificativa é a desancoragem das expectativas de inflação a longo prazo e o risco fiscal.

Em sua primeira reunião do ano e também primeira desde que Lula tomou posse, o Banco Central optou por manter a Selic no patamar de 13,75% ao ano, onde está estacionada desde agosto de 2022. Trata-se da maior taxa de juros desde janeiro de 2017.

A mensagem da autoridade monetária foi vista como um afronto por Lula, que entendeu que o Banco Central estaria dificultando a recuperação do crédito e a atividade econômica. Vale lembrar que Roberto Campos Neto foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

Lula vs Banco Central: Pé de guerra

Lula voltou a criticar a autonomia do Banco Central e sinalizou que pode reverter a independência da autoridade monetárias com o fim do mandato de Campos Neto em dezembro de 2024.

“Quero saber do que serviu a independência. Eu vou esperar esse cidadão [Campos Neto] terminar o mandato dele para a gente fazer uma avaliação do que significou o Banco Central independente”, disse Lula em entrevista à RedeTV!, na noite de quinta-feira (2).

Ao ser questionado diretamente sobre o fim da autonomia, Lula disse que pode acontecer, mas que isso é irrelevante para ele. “Isso não está na minha pauta. O que está na pauta é a questão da taxa de juros.”

Lula criticou o atual patamar da Selic, que está em 13,75% ano desde agosto do ano passado. Este é o maior patamar da taxa básica de juros desde janeiro de 2017 e deve continuar assim por um bom tempo.

O presidente afirmou que não existe razão para taxa de juro estar em 13,75% e que começará a cobrar o Banco Central.

“O presidente do Banco Central tem que explicar por que aumenta juro se não tem inflação de demanda”, afirmou Lula, que alega que inflação de 4,5% ou 4,0% no Brasil “é de bom tamanho”.

No começo do ano, em entrevista à GloboNewsLula afirmou que “a inflação está do jeito que está e o juro está do jeito que está” mesmo com a autonomia da autoridade monetária.

Na ocasião, ele também questionou a meta de inflação. “Você estabeleceu uma meta de inflação de 3,7% [a meta estipulada para 2023 é de 3,25%] e quando faz isso é obrigado a arrochar mais a economia para poder atingir a meta. Por que não 4,5%, como nós fizemos?”

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