Banco Central: inflação acima da meta abre espaço para juros altos por mais tempo
Nesta quinta-feira (30), o Banco Central divulgou o seu Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e deu uma notícia ruim para o mercado: o estouro da meta de inflação pelo segundo ano seguido é inevitável.
De acordo com o relatório, a probabilidade de a inflação superar o teto da meta em 2022 passou de 88%, em março, para 100% em junho. Já em 2023, a probabilidade aumentou de 12% para 29%.
Para este ano, a meta de inflação é de 3,5%, sendo que o piso e o teto vão de 2% a 5%. Para o ano que vem, a meta é ligeiramente menor: 3,25%, podendo oscilar entre 1,75% e 4,75%.
A projeção do Banco Central para a inflação já tinha sido adiantada na semana passada: o ano de 2022 deve encerrar com a alta nos preços na casa de 8,8%. Para o ano que vem, a projeção é de 4%; e, em 2024, de 2,7%.
O mercado ainda mantém as apostas de que, na reunião de agosto, o BC deve promover a sua última alta de 0,5 ponto percentual na Selic – elevando a taxa básica para 13,75%. No entanto, a dúvida que paira é por quanto tempo a autoridade monetária vai manter os juros altos.
De acordo com Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original, o cenário fiscal ainda pode atrapalhar o Banco Central na tentativa de encerrar os ciclos de alta. E que a previsão é de que os juros vão se manter elevados por mais tempo do que o esperado, tanto que o banco elevou sua projeção de Selic no fim de 2023 para 11%, ante os 10% apresentados anteriormente.
O Bank of America (BofA) também destaca que a percepção do cenário fiscal se deteriorou, uma vez que o governo propõe mais estímulos econômicos, como a ampliação do Auxílio Brasil. “As projeções de inflação do BCB para horizontes mais longos continuam em alta e apontam para uma extensão do ciclo de aperto, mantendo os juros elevados por um período mais longo”, disse em relatório.
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