Banco Central Europeu sob pressão para elevar programa de compra de títulos
O Banco Central Europeu enfrenta a situação peculiar em torno da grande expectativa de anúncio nesta semana de mais estímulos monetários muito antes de ter usado toda a munição disponível.
Até agora, o BCE gastou menos de 30% do programa de compras emergenciais de 750 bilhões de euros (US$ 840 bilhões) iniciado em março.
No ritmo atual, a instituição poderia esperar até a reunião de julho ou setembro antes de avaliar se o programa é grande o suficiente para absorver a dívida emitida por governos para combater a recessão.
Da mesma forma, o estresse do mercado que levou o BCE a agir diminuiu, em parte por causa das compras de títulos pelo banco central e porque a União Europeia está mais perto de uma resposta fiscal comum por meio do fundo de recuperação de 750 bilhões de euros. Uma venda de títulos da Itália na quarta-feira atraiu demanda recorde.
No entanto, qualquer coisa menos do que um aumento amplamente esperado no programa de títulos poderia desencadear um choque no mercado parecido ao de março, quando a presidente do BCE, Christine Lagarde, inadvertidamente sugeriu que talvez não agisse para acalmar mercados de títulos periféricos.
Em pesquisa da Bloomberg realizada na semana passada, a esmagadora maioria espera que o Conselho do BCE aumente o programa de compra de ativos em 500 bilhões de euros.
A perspectiva de que alguns diretores do BCE possam preferir adiar a medida foi levantada em artigo nesta semana pela agência Market News International, concorrente da Bloomberg News, segundo o qual “muitos membros” do Conselho do BCE manifestariam oposição ao aumento.
“O Banco Central Europeu parece quase certo de aumentar o tamanho do programa de compras de emergência da pandemia na próxima reunião de 4 de junho”, disse David Powel, economista da Bloomberg.
Segundo ele, o ritmo atual de compras, necessidades de financiamento de governos e problemas de dívida da Itália sugerem que o “programa precisa ser elevado para mais de 1 trilhão euros”.
Holger Schmieding, economista-chefe da Berenberg, acredita que o aumento das compras de títulos da pandemia será anunciado, mas vê probabilidade de apenas 60% de que isso ocorra.
“Obviamente, existe argumento para que esperem”, disse Piet Christiansen, economista do Danske Bank. “Poderiam argumentar: vamos esperar para ver como as economias abrem antes de nos comprometermos com mais. Mas não é hora para heróis e para esperar. Existem grandes riscos e não acho que o BCE possa se dar ao luxo de adiar.”