Bancos

Banco Central Europeu pode pedir que bancos suspendam dividendos em 2020

22 jul 2020, 10:08 - atualizado em 22 jul 2020, 10:08
Bancos como o BNP Paribas fazem lobby para retomar o pagamento de dividendos ao mesmo tempo em que buscam recuperar os preços das ações (Imagem: Reuters/Benoit Tessier)

O Banco Central Europeu está inclinado a pedir aos bancos que suspendam dividendos pelo menos até o fim do ano, minando a esperança de investidores que contavam com a retomada dos pagamentos no quarto trimestre.

Vários membros do conselho de supervisão do BCE ainda não veem um cenário claro para a economia para justificar o retorno de capital pelos bancos, de acordo com pessoas a par do assunto. Nenhuma decisão final foi tomada, disseram as pessoas, que não quiseram ser identificadas.

Uma porta-voz do BCE não comentou.

Bancos como o BNP Paribas fazem lobby para retomar o pagamento de dividendos ao mesmo tempo em que buscam recuperar os preços das ações, segundo reportagem da Bloomberg no mês passado.

Um rali histórico de trading, alívio regulatório e extensas garantias de empréstimos por governos impulsionaram os lucros de vários bancos. Na terça-feira, o banco suíço UBS indicou que pode retornar capital aos acionistas até o final do ano.

Tópico polêmico

A decisão final sobre estender o que é efetivamente um veto aos dividendos deve ser tomada nos próximos dias, disseram as pessoas.

Reguladores de cada país da zona do euro ainda podem permitir que bancos menores, que não são diretamente supervisionados pelo BCE, realizem pagamentos, disseram duas pessoas.

É possível que os bancos paguem dividendos em ações, em vez de dinheiro, para economizar capital, disse uma pessoa.

Em março, supervisores pediram aos bancos que conservassem capital para enfrentar a pandemia com a suspensão de dividendos pelo menos até outubro.

BCE Banco Central Europeu
Reguladores de cada país da zona do euro ainda podem permitir que bancos menores, que não são diretamente supervisionados pelo BCE, realizem pagamentos (Imagem:REUTERS/Kai Pfaffenbach)

Embora a medida tenha sido difícil para alguns bancos, o BCE indicou que se tratava de uma troca pelas medidas de alívio regulatório sem precedentes, que têm como objetivo ajudar a manter o fluxo de crédito para empresas atingidas pelo vírus.

O tema dos dividendos foi um tópico polêmico para o conselho de supervisão do BCE – que inclui reguladores nacionais e representantes nomeados pela autoridade monetária – em um debate mais amplo sobre o ritmo de redução da ajuda prestada aos bancos, disseram pessoas a par do assunto.

Alguns membros disseram que o BCE deve adotar uma abordagem caso a caso para permitir que bancos mais fortes retornem algum excesso de capital, enquanto outros argumentam que o ambiente ainda é muito incerto.

O BCE está ciente de que a suspensão dos dividendos atinge os valuations dos bancos, de acordo com Andrea Enria, que lidera o conselho supervisor.

Ele disse no mês passado que tem interesse que os pagamentos aos investidores sejam retomados, mas também indicou que o BCE só daria luz verde se o ambiente econômico melhorasse o suficiente.

O BCE diz que seu pedido sobre os dividendos manteve cerca de 30 bilhões de euros (US$ 35 bilhões) em capital no sistema bancário da zona do euro para absorver perdas e conceder empréstimos para empresas atingidas pela pandemia de coronavírus.

A instituição instou bancos a cumprirem a medida de forma voluntária, embora Enria tenha dito que o BCE poderia tomar “medidas juridicamente vinculantes” se o setor não fizer o que for solicitado

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