Banco Central Europeu continua analisando o impacto que um euro digital teria na economia
Nas últimas semanas, funcionários do Banco Central Europeu (BCE) disseram que continuam a avaliar todos os fatores envolvidos em um possível lançamento de uma versão digitizada do euro.
Dentre essas áreas sendo consideradas estão o possível efeito que um euro digital terá na integridade do sistema bancário europeu, além de como um euro digital pode alterar o comportamento dos consumidores em detrimento da saúde dos bancos voltados a esses consumidores.
Essa consideração se provou como um tema consistente nas declarações públicas de bancos centrais sobre o assunto moedas digitais emitidas por bancos centrais (CBDCs).
Na última quarta-feira (10), Fabio Panetta, membro do comitê executivo do BCE, discutiu algumas dessas considerações durante um seminário on-line.
Uma preocupação específica destacada por ele foi a possibilidade de um euro digital incentivar consumidores a migrarem seus depósitos de bancos comerciais para o banco central — principalmente em épocas de crise.
Uma possível opção para prever esse comportamento seria aplicar um limite de posses do euro digital a nível individual, segundo Panetta.
“Isso evitaria muitos influxos de depósitos bancários, bem como influxos voláteis de portfólio do exterior no banco central”, explicou Panetta, acrescentando:
Uma forma de fazer isso, enquanto permitimos que o euro digital seja utilizado em grandes transações, seria exigir que fundos de entrada em excesso do limite de um usuário fossem redirecionados a uma conta bancária.
A ligação entre contas de dinheiro privado e de euro digital iriam evitar a fragmentação da liquidação de um usuário e também seria útil para pagamentos de saída. Grandes transações de saída seriam realizadas ao transferir uma combinação de um euro digital e dinheiro privado.
Panetta também sugeriu que seria uma taxa de juros negativas sobre contas para evitar a acumulação de euros digitais. O objetivo de tal taxa, segundo ele, seria para encorajar o uso do euro digital como um meio de pagamento.
“Até esse limite, quantias retidas em euro digital nunca estariam sujeitas a taxas de juros negativas e, assim, não seriam tratadas de forma menos favorável do que o dinheiro”, disse Panetta.
“Acima desse limite, uma remuneração seria definida para que maiores posses em euro digital só valessem a pena na realização de grandes pagamentos, e não continuamente como uma forma de investimento.
Os comentários de Panetta surgem enquanto funcionários do BCE continuam a debater a questão se devem emitir um euro digital.
Panetta repetiu o que outros funcionários haviam dito sobre esse processo: “apenas quando todas as questões forem resolvidas é quando iremos tomar uma decisão sobre emitir ou não um euro digital”.
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