Economia

Banco Central está muito conservador? Setor da economia pede cortes maiores na Selic

31 jan 2024, 10:19 - atualizado em 31 jan 2024, 10:19
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Selic: Presidente da CNI defende que Banco Central acelere cortes nos juros, enquanto Campos Neto sinaliza que Copom será cauteloso. (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Nesta quarta-feira (31), o Comitê de Política Monetária (Copom) divulga a sua primeira decisão do ano e as expectativas apontam para um corte de 0,50 ponto percentual. Com isso, a Selic passa de 11,75% para o patamar de 11,25%.

Se confirmado, esse será o quinto corte de 0,50 pp na taxa básica de juros desde que o Banco Central deu início ao seu afrouxamento monetário, em agosto do ano passado. E o presidente Roberto Campos Neto já avisou que a autarquia seguirá cautelosa nos reajustes.

No entanto, os setores da economia já começam a pedir um ritmo mais acelerado nos cortes. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, afirma que o BC tem condições para acelerar a redução da Selic para, no mínimo, 0,75 pp.

Ele destaca a desaceleração da inflação como motivo para rever o afrouxamento. Em 2023, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o ano em 4,62%, ficando dentro do teto da meta de inflação. Além disso, a tendência é de continuidade da queda nos preços: os economistas ouvidos pelo Relatório Focus apontam inflação em 3,81% no final de 2024.

“Precisamos de menos conservadorismo do Banco Central, vis a vis, o que já começamos a ver nas demais economias”, afirma Alban. “Adiar a aceleração no ritmo de queda da Selic seria uma decisão equivocada que penalizaria ainda mais a atividade econômica no Brasil”, completa.

Ele ainda aponta que a taxa de juros real continua muito restritiva. Atualmente, essa taxa está em 7,65% ao ano, o que representam 3,15 ponto percentual acima da taxa de juros neutra de 4,5%, que é aquela que não estimula nem desestimula a atividade econômica.

Copom: O que esperar para a Selic?

A queda da Selic para 11,25% não deve surpreender, visto que, em sua última reunião, o grupo adiantou que novos cortes da mesma magnitude estavam previstos. Há consenso entre analistas de que o ritmo deve permanecer o mesmo, com a continuidade da redução da Selic atrelada ao processo desinflacionário.

Na visão de Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe Warren Investimentos, além da expectativa de que o ritmo dos cortes siga o sinalizado na última reunião, é provável que o comunicado repita a mensagem de que os membros do Comitê esperam redução igual nas próximas reuniões, avaliando este como o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista.

“Desde a última reunião, não houve alterações relevantes da dinâmica inflacionária, das expectativas, das projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos que justifiquem uma sinalização divergente das anteriores”, avalia.

Em linha, a avaliação do economista-chefe da Daycoval Asset, Rafael Cardoso, é de que o ritmo de cortes seja mantido até o fim do primeiro semestre. No entanto, ele aponta que, a partir do segundo semestre, reduções de 0,25 p.p devem ser feitas, chegando ao fim de 2024 com uma taxa de juros um pouco abaixo de 9% ao ano.

“Nosso cenário base é de que a taxa Selic chegue a 9%, mas internamente acreditamos que tal projeção tem assimetria baixista. A confirmação de um cenário mais benigno no âmbito fiscal, a materialização de juros menores que o esperado nos Estados Unidos ou uma inflação mais baixa do que a imaginada aumenta a probabilidade desse cenário, ainda que haja outras questões envolvidas”, pondera.

*Com Lorena Matos 

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