Banco Central da Rússia anuncia planos de digitizar pagamentos nacionais até 2023
Nessa quarta-feira (14), o Banco Central da Rússia (CBR) publicou um extenso documento estratégico para os próximos três anos de desenvolvimento de pagamentos do país.
O destaque na estratégia do CBR é uma ênfase em seu rublo digital. A equipe do banco central apresentou alguns desses objetivos na semana passada. O artigo mais recente destaca ambições bem mais abrangentes.
Além de repetir outras declarações de que um possível rublo digital terá de ter “propriedades monetárias e não monetárias”, o CBR planeja usar interfaces de programação de aplicações (APIs) abertas, permitindo que o rublo digital se integre com quaisquer outras plataformas privadas de pagamentos.
Os testes-piloto iniciais estão previstos para 2022.
O novo relatório também destacou o sucesso do “Faster Payments System” (ou “sistema de pagamento rápido”) da Rússia.
Lançado em 2019, o FPS mais do que duplicou tanto em número como em valor total de transações entre o terceiro e quarto trimestres de 2020, atingindo mais de 67 milhões de transações equivalentes a 459 bilhões de rublos (US$ 6 bilhões).
Outro tema repetido no relatório do CBR é a “soberania”. Duas formas fundamentais de compreendê-la são pela situação única do sistema financeiro russo em âmbito nacional e internacional.
Em âmbito nacional, a Rússia é o maior país do mundo. Ao leste dos Montes Urais, também é um dos países com menor densidade demográfica e, historicamente, forneceu acesso limitado a redes, à internet e aos pagamentos.
Como consequência, prioridades para o sistema nacional de pagamentos são uma integração de toda a Federação Russa.
Em âmbito internacional, a Rússia enfrenta cada vez mais sanções dos Estados Unidos e da União Europeia. Nessa quinta-feira, o presidente Biden anunciou uma nova escalação de sanções para agentes da área de tecnologia e indústria da Rússia, bem como para o próprio banco central.
No passado, o governo russo indicou um interesse em blockchain como uma forma de evitar essas sanções.
As sanções dessa semana tinham, como alvo, entidades que forneciam a operadores da imprensa do governo russo documentos de identificação (KYC) falsos, que esses operadores utilizavam para acessar serviços de criptomoedas.
Em relação a muitos outros bancos centrais, o CBR demonstrou pouco receio em relação a requisitos de KYC quando o assunto são propostas para sua moeda digital.
Enquanto isso, na semana passada, o Ministério das Finanças da Rússia elaborou um projeto de lei que obriga instituições financeiras locais a atenderem clientes que foram alvo de sanções americanas.