Banco Central adianta novos cortes de 0,50 pp na Selic, mas decisão não agrada a todos
Assim como o esperado, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic em 0,50 ponto percentual. Com isso, a taxa básica de juros passou do patamar de 12,25% para 11,75% ao ano, ficando dentro da projeção do Relatório Focus para o ano de 2023.
Trata-se do quarto reajuste da mesma magnitude e o Banco Central já adiantou que o ritmo segue o mesmo para as próximas reuniões.
“Os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, diz o comunicado publicado pela autoridade monetária.
No entanto, para isso acontecer, é preciso consolidar não apenas o processo de desinflação, mas também a ancoragem das expectativas em torno das metas de inflação. Além disso, o texto aproveita para dar um puxão de orelha no governo, ao voltar a citar o risco fiscal.
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“Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”, destaca.
Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital, aponta que tom veio bem positivo com uma expectativa de mais reduções futuras, no plural e não no singular, o que anima o mercado.
“O comitê defende a manutenção desse ritmo de 0,50 pp. E para as decisões futuras, mais uma vez mencionam as expectativas de quanto aos dados de inflação futura, de acordo principalmente com a questão do movimento fiscal hoje no Brasil. Afirmam que a ancoragem das metas fiscais para as expectativas são necessárias para que a gente mantenha esse ritmo. E, no meu ponto de vista, veio uma ata bem prudente para o momento atual”, afirma.
Já Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, aponta que a autoridade também manteve o compromisso de que a política monetária seguirá contracionista até que se concretize o processo desinflacionário.
“O tamanho da flexibilização dependerá da dinâmica inflacionária, expectativas de inflação, projeções de inflação, hiato do produto e balanço de risco”, afirma. “Entende-se que ainda que o comitê tenha reconhecido que houve processo desinflacionário, conforme o esperado, as projeções da autoridade seguem acima da meta e 2024 teve recuo marginal para 3,5%, na esteira de revisões baixistas de monitorados, com estabilidade de 2025 em 3,2% a despeito da queda dos administrados, denotando avanço dos preços livres”, completa.
Setores da economia questionam ritmo de cortes da Selic
Apesar da promessa de novos cortes nos juros, nem todos os setores da economia gostaram do comunicado. A Confederação Nacional da Indústria (CNI), por exemplo, considera excesso de conservadorismo a decisão do Copom.
A entidade ainda destaca que, mesmo com as reduções na Selic em agosto, setembro e novembro, a taxa de juros real – que desconsidera os efeitos da inflação – está em 8% ao ano. Ou seja, 3,5 pontos percentuais acima da taxa de juros neutra, que não estimula nem desestimula a atividade econômica.
“O cenário de controle da inflação justifica plenamente a redução da Selic em ritmo mais acelerado, e é isso que a CNI espera que seja feito nas próximas reuniões do Copom. É preciso – e possível – mais agressividade para que ocorra uma redução mais significativa do custo financeiro suportado por empresas e consumidores”, afirma o presidente da CNI, Ricardo Alban.
Por outro lado, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) afirma que, considerando todos os riscos envolvidos na conjuntura econômica brasileira, a decisão de manter o ciclo de cortes na taxa básica de juros do País é acertada.
A federação ainda aponta que o descontrole fiscal pode prejudicar os cortes futuros na Selic. “Isso acontece porque, apesar de mantida a meta de déficit primário zero em 2024, o mercado não acredita mais na capacidade de o governo cumpri-la — e caso o faça, será possível apenas com o aumento de tributos”, disse em comunicado.