Balanço da Engie desaponta Inter Research, que adota postura cautelosa
O Inter Research não escondeu seu desapontamento com os novos resultados da Engie Brasil (EGIE3). Embora os números de produção de energia tenham mostrado leve recuperação, a situação da companhia, principalmente no que diz respeito às margens, continua desafiadora.
A Engie registrou queda de 34% no lucro líquido do terceiro trimestre do ano. O montante, que estava em R$ 742,7 milhões entre julho e setembro de 2019, foi reduzido para R$ 490 milhões.
O Ebitda, que corresponde ao lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, recuou 9,4% e atingiu R$ 1,4 bilhão. A margem Ebitda caiu 18,8 pontos percentuais, para 44,6%.
Por outro lado, a receita líquida da empresa subiu quase 28,7% e totalizou R$ 3,2 bilhões.
A produção cresceu 6,7% no trimestre, mas acumula uma queda expressiva de 23,8% nos primeiros nove meses do ano.
“As condições hidrológicas desfavoráveis na região Sul do país minaram o desempenho das hidrelétricas. Assim, a produção dos nove primeiros meses foram de 5 GW na média”, destacou o analista Rafael Winalda, em relatório divulgado ontem.
Mesmo reconhecendo a qualidade e a boa gestão da Engie, o Inter Research manteve a recomendação neutra para a ação, com preço-alvo de R$ 48. O potencial de valorização é de 11%, considerando a cotação do fechamento de quinta-feira.
Dividendo
De acordo com o presidente da Engie no Brasil, Eduardo Sattamini, a controladora pode rever a decisão de reduzir o nível de pagamento de dividendos aos acionistas da companhia, já que a economia brasileira está se recuperando da crise causada pelo coronavírus.
Em teleconferência com analistas e investidores, o executivo disse que a decisão deve ser tomada no início de 2021.
“Vocês sabem que, sempre que a gente pode, acaba distribuindo o maior percentual possível, e hoje estamos com um caixa bastante robusto frente às nossas obrigações”, comentou.
A Engie cortou os dividendos de 2019 para 57% do lucro, bem como os proventos do primeiro semestre de 2020, para 55% (versus 100% nos anos anteriores).