Balanço da Cogna confirma o óbvio: serão dias difíceis para grupos de ensino
O tombo de 85% no lucro líquido, para R$ 46,8 milhões, registrado pela Cogna (COGN3) no primeiro trimestre, apenas confirma o inevitável. A pandemia de coronavírus e a recessão que se seguirá somam-se, agora, à morte do Fies para atormentar os grupos de ensino nos próximos meses.
Dona de bandeiras como a Kroton e a Platos, que oferece soluções para grupos de ensino, a Cogna é um retrato das dificuldades do setor. A Guide Investimentos fez um sumário dos principais números apresentados pela companhia, no relatório enviado a clientes nesta sexta-feira (22).
Na Kroton, seu principal negócio, a evasão dos cursos presenciais foi de 16,2% no primeiro trimestre, devido, sobretudo, à redução do Fies a um programa de financiamento estudantil que sobrevive, na prática, apenas no papel.
Tíquete médio menor
O faturamento está caindo não apenas pelo menor número de matriculados, mas, também, pelo menor tíquete médio por aluno. A Guide lembra que, neste início de ano, o tíquete dos alunos presenciais foi 10% menor, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Embora os grupos de educação tentem compensar essas perdas com a ampliação do ensino a distância, o tíquete médio deste segmento também é menor. Na Cogna, ele encolheu 7,7% na mesma comparação.
Tudo isso desembocou em uma geração de caixa 33% menor, devido, entre outras, à necessidade de aumentar as provisões para alunos inadimplentes.
O problema, segundo a Guide Investimentos, é que não há nenhum alento no horizonte. A gestora acredita que as margens da Cogna continuarão pressionadas nos próximos meses, em virtude do aumento das provisões para inadimplência e da grande evasão nos cursos presenciais.
“Por mais que a dívida líquida tenha se reduzido no período, o ebitda da companhia deverá ser severamente impactado com os efeitos do coronavírus no 2T20, elevando o índice de alavancagem”, afirma a gestora.