Baixa volatilidade intriga traders cripto acostumados com ioiô
Em contradição com sua tempestuosidade habitual, o Bitcoin e algumas outras criptomoedas tornaram-se menos agitadas, intrigando observadores que as conhecem há muito tempo por sua volatilidade.
O spread médio entre o pico e o piso no último mês entre os 10 maiores ativos digitais foi de apenas 23%, de acordo com dados compilados pelo Bespoke Investment Group.
Desde o fim de 2017, nenhum outro período havia registrado esse nível de serenidade. De fato, desde o início de 2020, a leitura média ficou em uma faixa superior a 80%, segundo a consultoria.
“BTC e ETH continuam a nos confundir com movimentos estreitos e volatilidade lânguida”, disse Noelle Acheson, autora da newsletter “Crypto is Macro Now”, em referência aos códigos de negociação do Bitcoin e Ether. “Não é isso o que os criptoativos devem fazer.”
É o dado mais recente para mostrar que a atividade nos mercados cripto diminuiu de forma acentuada em relação às típicas oscilações quase diárias. E uma série de indicadores de volatilidade tem mostrado que o Bitcoin está em uma fase menos turbulenta, negociado em torno do patamar de US$ 20 mil.
O índice de volatilidade T3i Bitcoin, por exemplo, se encontra em 62, abaixo da máxima de 140 registrada em maio de 2022. E essa calmaria acontece em meio a um rali do mercado acionário dos EUA – a volatilidade do Bitcoin está abaixo do nível visto no S&P 500, algo que só aconteceu em outras quatro ocasiões na história da criptomoeda, de acordo com Jim Bianco, presidente da Bianco Research.
Embora ações e criptomoedas tenham sido negociadas lado a lado durante a maior parte do ano, a correlação diminuiu nos últimos dias.
O coeficiente de correlação de 60 dias do Bitcoin e do S&P 500 atualmente está em torno de 0,61, abaixo dos 0,70 do início deste mês.
“Cripto é amplamente agnóstico em relação aos resultados de empresas listadas”, escreveu em nota Sean Farrell, chefe de estratégia de ativos digitais da Fundstrat Global Advisors. “A criptomoeda se descolou das ações em pregões recentes, nos quais as ações subiram/desceram devido a anúncios de balanços importantes.”
O fato de o Bitcoin ter se comportado com menor volatilidade recentemente tem chamado muita atenção, considerando sua reputação de flutuar descontroladamente. Ainda assim, alguns alertam que a calma não necessariamente é uma boa notícia: combinada com volumes mais baixos, a menor volatilidade pode resultar em queda mais rápida em caso de uma desaceleração.
Do ponto de vista dos investidores, a falta de volatilidade também pode ser vista como negativa. Muitos traders de varejo têm negociado no espaço cripto precisamente por causa de sua natureza instável, diz Acheson. Embora haja muitos alertas que recomendam evitar mercados tão voláteis, sua turbulência também é motivo para muitos mergulharem, especialmente porque algumas plataformas “oferecem alavancagem de encher os olhos”, escreveu a especialista em nota.
“Sem traders, não teríamos mercados líquidos. E sem mercados líquidos, não teríamos interesse institucional”, disse. “E sem interesse institucional, nossa indústria ainda seria insignificante, mal financiada, menos inovadora e mais vulnerável à interferência regulatória.”
Além disso, resultados de uma pesquisa da Bloomberg Markets Live mostram que investidores veem com bons olhos o aperto da regulamentação no mercado cripto. Muitos disseram que ficariam mais à vontade para investir em criptos se ocorrer uma maior fiscalização.
Quase metade dos entrevistados também espera que a maior criptomoeda do mundo em valor de mercado continue sendo negociada entre US$ 17,6 mil e US$ 25 mil até o fim deste ano.
Rick Bensignor, presidente da Bensignor Investment Strategies e ex-estrategista do Morgan Stanley, aponta que, na semana passada, o BTC ultrapassou sua linha de tendência baixista, embora “os compradores não tenham aparecido”. O token “ainda não provou que os ‘bulls’ estão certos”, escreveu em nota.
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