Baixa capacidade de estoque enfraquece Rússia em acordo com Opep
Se os baixos preços do petróleo e as ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não são suficientes para obrigar a Rússia a cortar a produção, o número limitado de tanques do país pode conseguir o feito.
Ao contrário dos EUA e da Arábia Saudita, a Rússia nunca construiu enormes reservatórios, o que torna o país particularmente vulnerável, pois a pandemia de coronavírus afeta a demanda em todos os lugares.
Se os três maiores produtores do mundo não concordarem com cortes voluntários nesta semana, a Rússia pode ter que reduzir a produção unilateralmente, pois ficará sem espaço para estocar o excesso de barris.
“Os reservatórios já estão em falta” para armazenamento, disse Dmitry Perevalov, operador independente de petróleo de Moscou e ex-vice-presidente da petroleira Slavneft Oil & Gas.
Com a maioria das economias do mundo em confinamento para conter a propagação do vírus, estima-se que a demanda por petróleo tenha caído entre 20% e 30%, uma queda sem precedentes. Refinarias globais fizeram cortes profundos nas taxas de processamento devido à queda de consumo de combustível, o que deixa petroleiras sem compradores para suas cargas.
Opep, Rússia e outros produtores se reunirão por videoconferência em 9 de abril para discutir cortes na produção. Ministros de Energia do G-20, que incluem produtores como EUA e grandes consumidores como Índia e China, devem se reunir no dia seguinte para discussões mais amplas.
As negociações enfrentam obstáculos significativos, mas todos os lados estão sob pressão para enfrentar a histórica queda dos preços do petróleo.
A Rússia, com aproximadamente US$ 550 bilhões acumulados em reservas internacionais, que incluem um fundo de emergência, planeja o orçamento nacional com o petróleo cotado em cerca de US$ 40 o barril.
O país pode estar economicamente mais bem preparado para resistir a um crash do petróleo do que a rival Arábia Saudita, mas os desafios para as empresas do país são mais significativos.
Espaço de armazenamento
A Transneft, operadora da rede de oleodutos da Rússia, possui a maior parte da capacidade de armazenamento doméstico, que totaliza pouco mais de 23 milhões de metros cúbicos, disse o porta-voz Igor Dyomin.
Esse volume equivale a 145 milhões de barris ou cerca de duas semanas da produção do país. A capacidade total de armazenamento de petróleo dos EUA é quase dez vezes maior.
A Transneft sequer poderia receber esse volume de petróleo e armazená-lo por mais de um mês, disse Dyomin. A operadora precisa manter parte de sua capacidade em tanques disponível para permitir flexibilidade nos embarques e evitar gargalos nos portos e refinarias, disse.
“Se todos os reservatórios estiverem cheios, nosso sistema de embarques simplesmente para de funcionar”, disse Dyomin.