Política

Bacha, Elena Landau e Gustavo Franco ameaçam deixar PSDB se partido continuar com Temer

07 ago 2017, 0:09 - atualizado em 05 nov 2017, 13:58

PSDB

Por Ângelo Pavini, da Arena do Pavini

Quatro importantes economistas brasileiros da PUC do Rio, Edmar Bacha, Elena Landau, Gustavo Franco e Luiz Roberto Cunha, ameaçam deixar o PSDB se o partido continuar no governo de Michel Temer. Os economistas enviaram carta ao presidente do partido, Tasso Jereissati, na semana passada, afirmando que vão aguardar a convenção do partido, marcada para este mês para tomar uma posição definitiva.

Os economistas criticam o apoio ao governo, acusado de corrupção, sugerindo que o partido se afaste de Temer para se tornar uma opção para as eleições de 2018. O partido ocuparia assim o espaço deixado no chamado “centro político”, contrário à esquerda do PT e à direita de Jair Bolsonaro, que lideram as pesquisas de intenções de voto.

Bacha foi um dos idealizadores do fracassado Plano Cruzado e depois do Plano Real, que conseguiu estabilizar a inflação do país, ao lado de Gustavo Franco. Elena Landau foi do BNDES e diretora do programa de privatizações no governo Fernando Henrique Cardoso. Luiz Roberto Cunha é decano do Departamento de Ciências Sociais da PUC-Rio.

Segundo a carta, “infelizmente, incapaz até agora de se dissociar de um governo manchado pela corrupção institucionalizada que herdou do PT, o PSDB tem optado por deixar vazio o centro político ético de que o país tanto precisa”. E acrescenta que, como afiliados com alguma responsabilidade pelas opções técnicas do partido, esperamos com esta carta poder influir para mudar essa orientação”.

“Fica nosso apelo para que, na convenção de agosto, sob sua liderança o PSDB – reafirmando seu apoio à equipe econômica e mantendo-se à frente das reformas no Legislativo — decida (i) renovar sua direção, (ii) entregar os ministérios que têm no governo, e (iii) refundar-se programática e eticamente”, afirmam os economistas.

A seguir, a íntegra da carta:

Rio de Janeiro, 27 de julho de 2017

Senador Tasso Jereissati Diretório Nacional do PSDB Brasília, DF

Caro Senador,

Depois de longas conversas, entre desligarmo-nos do PSDB e escrever-lhe esta carta, decidimo-nos por este último curso de ação, autorizando-o desde já a compartilhar seu conteúdo com quem julgar de direito. A opção de nos desligar do PSDB pareceu-nos no momento precipitada tendo em vista sua sábia decisão de marcar uma convenção do partido para o próximo mês de agosto.

Continuamos a acreditar nos ideais que levaram à fundação do PSDB, que eram os de dissociar-se, em nome da ética, do PMDB controlado por Orestes Quercia; e construir um partido socialdemocrata comprometido com a justiça social, a ideia de uma economia de mercado governada pela livre iniciativa, a estabilidade da moeda, a responsabilidade fiscal e a integração do Brasil ao mundo desenvolvido.

O PSDB estabeleceu sua identidade a partir dessas pautas econômicas nas quais os signatários empenharam seu trabalho e suas energias e com as quais o governo de Fernando Henrique Cardoso deixou inestimável contribuição para a prosperidade do país.

Não vemos no horizonte político brasileiro outro partido com igual força para se contrapor ao enorme risco que, mantido o atual governo, o país enfrentará nas eleições presidenciais de 2018. Trata-se da possibilidade da eleição de um radical populista, de esquerda ou de direita, que arruinaria com as perspectivas econômicas e talvez mesmo com a democracia no país.

Infelizmente, incapaz até agora de se dissociar de um governo manchado pela corrupção institucionalizada que herdou do PT, o PSDB tem optado por deixar vazio o centro político ético de que o país tanto precisa. Como afiliados com alguma responsabilidade pelas opções técnicas do partido, esperamos com esta carta poder influir para mudar essa orientação.

Fica nosso apelo para que, na convenção de agosto, sob sua liderança o PSDB – reafirmando seu apoio à equipe econômica e mantendo-se à frente das reformas no Legislativo — decida (i) renovar sua direção, (ii) entregar os ministérios que têm no governo, e (iii) refundar-se programática e eticamente.

O Brasil precisa ter de volta o PSDB de André Franco Montoro, José Richa e Mario Covas — conduzindo as reformas necessárias para o Brasil enfrentar os desafios do século XXI. Confiamos em você para liderar esse movimento.

Cordialmente,

Edmar Bacha, Elena Landau, Gustavo Franco e Luiz Roberto Cunha

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