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B3 é uma das Bolsas mais caras do mundo, alertam analistas

05 ago 2020, 11:00 - atualizado em 05 ago 2020, 11:22
B3SA3 Bolsa de Valores
O Santander estabelece uma recomendação de manutenção para as ações da B3 (Imagem: Reuters/Leonardo Benassatto)

Apesar das ações da B3 (B3SA3) terem superado, desde meados de 2015, o próprio desempenho do Ibovespa (IBOV), sendo apontada por diversos agentes como a principal forma de ganhar com boom de novos investidores, há quem diga que a ação da dona da Bolsa se transformou em uma das mais caras do mundo.

O analista setorial Henrique Navarro, do Santander Brasil (SANB11), adota esta posição de cautela em relação aos papéis da B3 devido à incorporação dos dados operacionais recentes da empresa; além da análise dos indicadores mais recentes do Boletim Focus, que conteve o tombo do PIB do Brasil para 5,66% em 2020, ante 6,5% na pior perspectiva divulgada.

“Continuamos a acreditar que o risco da concorrência pode, mais cedo ou mais tarde, dominar as notícias, uma vez que volumes fortes também tornam o mercado brasileiro mais atraente para os concorrentes nos mercados de ações e de renda fixa“, alerta Navarro.

Independentemente da elevação do preço-alvo da ação da B3 para R$ 70, ante R$ 53, o Santander estabelece uma recomendação de manutenção, considerando a rolagem para 2021.

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Empresa Código Recomendação Preço-alvo (R$)
B3 B3SA3 Manutenção 70

Apetite do investidor e risco de bolha

O apetite do investidor por risco voltou a crescer em julho (Imagem: Reuters/Paulo Whitaker)

De acordo com o boletim mais recente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o apetite do investidor por risco voltou a crescer em julho.

Segundo a autarquia, a maior disposição para alocar capital em ativos de risco é sustentada pela melhora da percepção do mercado sobre os países emergentes, incluindo o Brasil.

Durante uma live, transmitida nesta terça-feira (4), o CEO da B3, Gilson Finkelsztain, disse entender que não há exagero na alta das ações brasileiras ocorrida nos últimos meses, mesmo com a forte recessão que deve vir como consequência da pandemia do coronavírus.

“Muita gente pergunta se estamos tendo uma bolha. Não vejo os preços de ativos no Brasil refletindo uma irracionalidade”, enfatizou Finkelsztain.

O executivo citou que muitas empresas cujas ações estão hoje com níveis até superiores aos de antes da crise, em meados de março, são de setores que de algum modo até se beneficiaram do atual cenário, como o comércio eletrônico.