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B3 (B3SA3): Juros foram o maior vilão para crescimento no 4T21; ações fecham em alta

18 mar 2022, 19:58 - atualizado em 18 mar 2022, 19:59
B3SA3
Ações da B3 caem nesta sexta-feira (18), após divulgação de resultados (Imagem: B3/LinkedIn)

A B3 (B3SA3) entregou resultados abaixo do esperado, com o lucro líquido do quarto trimestre de R$ 1 bilhão ficando 15% aquém das estimativas do mercado, pressionado pela queda nas receitas e aumento nas despesas.

Apesar disso, as ações, que abriram esta sexta-feira (18) em forte queda, terminam no campo positivo, com ganhos de 1,51%, a R$ 14,11.

Excluindo efeitos não recorrentes, o lucro da companhia atingiu R$ 1,2 bilhão, expansão de 6% em relação aos últimos três meses de 2020.

A receita líquida caiu 4,4% em relação a um ano antes, para R$ 2,1 bilhões, pressionada pela  queda na receita dos segmentos “Listado” (-5,5%) e “Infraestrutura para financiamento” (-12,7%).

Segundo a Genial Investimentos, o que mais pesou para a B3 no quarto trimestre foram os juros elevados.

“Com a alta dos juros no Brasil e no mundo, a maior parte dos produtos da B3 sofreram”, comentam os analistas Eduardo Nishio e Bruno Bandiera. “Produtos de bolsa, derivativos, financiamentos, entre outros, são estruturalmente impactados com um ambiente de juros mais alto e pouco crescimento econômico”.

Na avaliação da Genial, os produtos de balcão, responsáveis por 12,3% do total das receitas no trimestre, não cresceram o suficiente para “neutralizar o efeito negativo” visto nos demais segmentos.

Por outro lado, uma Selic mais alta impacto no resultado financeiro. A linha, ajustada pelos efeitos de hedge, passou de -R$ 6,3 milhões para +R$ 109,1 milhões. O aumento da taxa de juros levou a um salto de mais de 400% nas receitas financeiras.

Despesas dão o tom no trimestre

A B3 não bateu por pouco as projeções do UBS BB. A pressão veio pelas despesas mais altas do que o esperado (13% acima das estimativas), refletindo o aumento de despesas com aquisições, processamento de dados, provisões, entre outros fatores.

A B3 teve Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente de R$ 1,6 bilhão, montante 4,3% menor em relação aos últimos três meses de 2020. A margem recuou para 75,9%.

No segmento de ações, o ADTV totalizou R$ 31,5 bilhões, ficando estável em relação ao quarto trimestre de 2020. No segmento de derivativos listados, o ADV totalizou 4,3 milhões de contratos, também em linha com o resultado de um ano antes.

Turbulência é motivo para esquecer a ação?

A B3 já divulgou os dados operacionais de janeiro e fevereiro, que, na avaliação da Genial, mostraram um início de ano pressionado, considerando a queda no volume financeiro diário de ações e no volume médio diário de juros, moedas e mercadorias.

Apesar disso, a recomendação da corretora para os papéis da companhia segue como compra, considerando as perspectivas positivas para a tese de médio-longo prazo. O preço-alvo sugerido é de R$ 20.

“Acreditamos que a atividade econômica volte a patamares mais normalizados do ciclo e que de juros volte a cair, beneficiando a maior parte dos produtos da B3 e dando continuidade a nossa tese construtiva para a empresa”, diz a Genial.

A corretora tem uma leitura ainda mais positiva para o longo prazo, dada a diversificação das fontes de receitas da companhia, bem como os seus investimentos em tecnologia.

O UBS BB também manteve a recomendação de compra para a B3, com preço-alvo de R$ 18.

Para o Bradesco BBI, com a companhia sendo negociada em 17 vezes P/L (preço sobre lucro) para 2022, existe pouco espaço para uma reclassificação no curto prazo até que haja mais visibilidade sobre o fim do ciclo de aperto monetário e riscos potenciais no cenário macro.

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