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B3 (B3SA3) já caiu 16% em 2023, mas analistas não largam a ação; veja motivos para insistir na Bolsa

20 fev 2023, 16:09 - atualizado em 20 fev 2023, 16:09
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Bolsa tem cambaleado desde o início do ano; B3 também sente efeitos do cenário macro (Imagem: Tainá da Silva)

Os papéis da B3 (B3SA3) enfrentam uma espiral de volatilidade, seguindo o sobe e desce do mercado de ações brasileiro.

Não à toa, a Bolsa tem cambaleado desde que o ano começou. Investidores ficaram em modo de espera para avaliar os primeiros movimentos do novo governo. Entre sinalizações pró-mercado e falas interpretadas como negativas (como as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central), o Ibovespa não andou muito nesse início de 2023, empacado nos 109 mil pontos.

As ações da B3 têm sentido mais o baque, acumulando perdas de aproximadamente 16% no período.

Na última semana, a pressão maior veio pelos resultados do quarto trimestre de 2022. A leitura do mercado sobre os números foi negativa, especialmente pelo lado das despesas operacionais e financeiras, que acabaram mitigando o efeito positivo do crescimento da receita.

A B3 apresentou lucro recorrente de R$ 1,15 bilhão no quarto trimestre de 2022, o que representa uma queda de 6,3% no comparativo anual. As despesas somaram R$ 976,5 milhões, aumento de 20,5% em relação a um ano antes, ou de 11,2% excluindo os impactos de Neoway.

A receita líquida atingiu R$ 2,3 bilhões, avanço ano a ano de 6%, impulsionado pela receita dos segmentos balcão e tecnologia, dados e serviços.

O volume financeiro médio diário negociado (ADTV) foi de R$ 32,3 bilhões no trimestre, crescimento de 2,4%.

Segundo a B3, as eleições gerais acabaram marcando o período e influenciaram a atividade do mercado de capitais no fim do ano. Soma-se a isso a manutenção da Selic, a taxa básica de juros do Brasil, em 13,75% como resposta à deterioração das projeções de inflação e às incertezas em relação ao cenário fiscal.

Curto prazo pesa, mas tese segue intacta

Após a divulgação dos resultados, o Santander resolveu cortar as estimativas para a companhia.

Os volumes negociados na Bolsa em 2023 estão ficando para trás, avalia o banco. O ADTV flutua perto dos R$ 25 bilhões, bem abaixo da estimativa anterior da instituição para o ano, de R$ 33 bilhões.

“A cada dia que passa, nosso desapontamento com o nível de atividade cresce”, afirmam os analistas Henrique Navarro, Arnon Shirazi e Anahy Rios, em relatório enviado a clientes na última quinta-feira (16).

Com isso, as estimativas para o ADTV de ações caíram para R$ 28 bilhões em 2023 e R$ 30 bilhões em 2024.

Justamente pelo volume fraco em ações, a Empiricus Research reconhece que o curto prazo da B3 deve continuar desafiador. Apesar disso, ainda acredita na tese de investimento da empresa.

Graças aos investimentos realizados ao longo dos últimos anos, a B3 consegue ter uma proteção contra o cenário mais fraco do mercado de ações.

“Os outros segmentos da companhia, desenvolvidos ao longo dos últimos anos, têm mitigado esse efeito, fazendo com que a operação tenha uma resiliência respeitável”, afirma a analista Larissa Quaresma.

O Santander segue com recomendação de “outperform” (desempenho esperado acima da média do mercado, equivalente a “compra”). Embora reconheça que o potencial de upside (alta) tenha se estreitado (preço-alvo rebaixado a R$ 15), o banco acredita que a performance dos papéis pode melhorar se os investidores estrangeiros começarem a mostrar interesse nos mercados de ações emergentes.

Concorrência? Por enquanto, nada a temer

Para o BB Investimentos, a B3 ainda conta com uma tese atrativa para o longo prazo.

O analista Luan Calimério, em relatório publicado no último dia 16, destaca que a empresa ainda entrega forte geração de caixa, mesmo nos cenários adversos e, devido aos investimentos recentes, pode diversificar a receita em várias linhas de negócio, compensando eventuais performances negativas em segmentos específicos.

A maturação das últimas aquisições fortalece seu portfólio de produtos, possibilitando captura de sinergias e fortificação das barreiras de entrada, o que afasta “o risco de um player relevante lhe oferecer concorrência concreta no curto prazo”, completa.

Calimério cita ainda o contínuo progresso do financial deepening e o amadurecimento do mercado de capitais no Brasil como outros pontos positivos.

Na avaliação do BB, a B3 está bem posicionada pra superar os ciclos difíceis, como o de agora, e capturar os benefícios de ciclos mais favoráveis pela frente.

A recomendação do BB para as ações é de compra, com preço-alvo de R$ 15,10.

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