B3 (B3SA3): Corretora rebaixa ação da dona da Bolsa a ‘neutro’ por 4 motivos; entenda
A Ativa Investimentos revisou a recomendação da ação da B3 (B3SA3), dona da Bolsa de Valores do Brasil, de compra para “neutro” após “mudanças significativas” recentes no cenário macroeconômico. O preço-alvo também foi revisado para baixo, a R$ 14.
Quatro motivos levaram à atualização da tese pela corretora:
Alta dos juros americanos
O time de análise levanta a dificuldade dos Estados Unidos em controlar a inflação, uma vez que a atividade econômica no país segue resiliente, com ênfase no mercado de trabalho, cujos dados continuam surpreendendo as expectativas.
Isso levanta preocupações quanto à trajetória dos juros americanos. Os mercados se dividem quanto aos próximos movimentos do Federal Reserve (Fed) na conduta do aperto monetário nos EUA, e uma percepção negativa sobre a alta das taxas de juros acaba impactando negativamente a bolsa local, destaca a Ativa.
“Temos observado um fluxo estrangeiro vendedor nos últimos meses, dado consideravelmente negativo para o volume negociado em bolsa, visto que esses investidores representam mais de 50% do mercado de ações brasileiro.”
Piora nas expectativas do ciclo de corte da Selic
No Brasil, além da piora de sentimento no cenário macroeconômico global, as preocupações com o ambiente fiscal azedaram as expectativas para a magnitude do ciclo de corte de juros pelo Banco Central.
Segundo a Ativa, com a Selic podendo se encerrar em 10,5%, a volta do investidor pessoa física à Bolsa pode não ocorrer da forma como era esperado.
“Vale ressaltar a importância desse fluxo, que, por sua vez, tende a trazer o crescimento do volume de outros tipos de investidor”, ressalta a corretora.
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Captação dos Fundos
Resgates de fundos de ações e multimercado veio acima das estimativas da Ativa para o ano. Analistas avaliam que, apesar de sinais de melhora, o ritmo de crescimento do Assets Under Managament (AUM) tende a ser lento e não deve trazer o crescimento projetado anteriormente para o ADTV (volume médio diário de negociações) dos investidores institucionais.
Carf
Os riscos para a tese da B3 aumentaram com o voto de qualidade passando a ser pró fisco no Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf), diz a Ativa.
“A B3 possui cerca de R$ 14 bilhões em disputas judiciais com a receita presentes no tribunal, onde não têm nenhuma provisão feita para uma possível perda”, lembra.
Mesmo em caso de perda, acrescenta a corretora, a B3 levará os processos para a justiça comum, onde possui confiança na vitória e seria um processo longo para seu pagamento.
“Dada a magnitude dos valores em disputa (cerca de 20% do valor de mercado), temos um impacto relevante no preço-alvo”, completa.