B3 abre audiência pública para mudar regras do Novo Mercado; entenda as alterações propostas
A bolsa brasileira, B3, anunciou que quer mudar as regras do Novo Mercado. O texto inicial prevê melhorias para conselhos de administração, multas maiores e penalidade de inabilitação para gestores e conselheiros.
O Novo Mercado é um segmento de listagem com os padrões mais rigorosos de governança das empresas de capital aberto do país. Nesta quinta-feira (2), a bolsa abriu uma consulta pública para aprimorar as regras que classificam estas companhias.
- Você sabe ler os balanços trimestrais das empresas listadas na bolsa? Os analistas da Empiricus Research vão te ajudar a “decifrar” esses números, sem cobrar nada por isso. É só clicar aqui.
As alterações nas regras não é algo incomum. Desde sua criação, em 2000, a B3 propõe mudanças no regulamento do Novo Mercado. A mais recente foi em 2023, voltada para medidas de liquidez.
Com isso, a consulta pública acontecerá pelos próximos três meses, até o dia 2 de agosto. A B3 receberá as sugestões através do e-mail sre@b3.com.br. Após o prazo, a bolsa colocará a minuta da regra em votação pelas companhias do Novo Mercado
“A ideia é receber contribuições de todos os participantes do mercado, sejam companhias, investidores, associações, organizações e pessoas físicas”, de acordo com Flavia Mouta, diretora de emissores da B3.
Propostas sugeridas pela B3
- Não sabe onde investir neste momento? Veja +100 relatórios gratuitos da Empiricus Research e descubra as melhores recomendações em ações, fundos imobiliários, BDRs e renda fixa
1. Composição do conselho de administração
A B3 também sugeriu o aumento percentual de conselheiros independentes das empresas listadas e limitar a participação de executivos em mais de um colegiado, com um limite máximo de 10 anos consecutivos de membros na atuação.
Após este período estabelecido, o conselheiro independente poderá continuar no cargo, porém não como “independente”.
Tanto as companhias listadas como as que queiram se listar ao segmento dever ter, no mínimo, 30% de conselheiros independentes. Atualmente, a regra exige a presença de, no mínimo, dois (ou 20%, o que for maior) membros independentes na composição de um conselho.
Apesar disso, para empresas com conselhos de até 6 membros, a proposta indica que seja mantido o número mínimo de dois conselheiros, a fim de evitar aumento de custos para as companhias.
2. Selo do Novo Mercado em revisão
Além disso, a bolsa também propôs que o selo do Novo Mercado de uma companhia possa ser colocado “em revisão”, como medida cautelar. A revisão significa que a empresa pode ser suspensa do segmento pelo descumprimento de certas medidas.
De acordo com Flavia Mouta, o objetivo é acender um “sinal vermelho” para o mercado. “Colocar o selo do Novo Mercado em revisão sinaliza, de maneira muito clara, que tem algo acontecendo e quais são os próximos passos”, disse a executiva.
“A medida cautelar poderá ser desfeita após a apresentação, em alguns casos, de plano de ação à B3 ou comprovação de que o evento em questão foi solucionado”, escreve a B3, em comunicado à imprensa. De acordo com a companhia, a aplicação da revisão não é automática em nenhum caso.
- [Carteira recomendada] 10 ações brasileiras para investir agora e buscar lucros – baixe o relatório gratuito
3. Penalidades e aumento nas multas
Assim como a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a B3 pretende aplicar penalidades de inabilitação de até 10 anos, em caso de descumprimento das regras relacionadas à fiscalização e controle.
Por exemplo, em caso de uma violação, uma multa que tinha o intervalo entre R$ 6.886,00 e R$ 413.352,00, passará a ter valor máximo de R$ 5 milhões.
Com isso, a pena-base será a metade da penalidade máxima e poderá ser ampliada ou reduzida de acordo com os agravantes, ou atenuantes. “As multas serão aplicadas para cada infração apurada”, afirmou a B3.
4. Maior confiabilidade das demonstrações financeiras
A proposta também prevê que as companhias divulguem declarações do principal executivo da empresa e do diretor financeiro confirmando a efetividade dos controles internos da companhia.
De acordo com a B3, o objetivo é de alinhamento das empresas brasileiras às práticas de governança mundiais.
Além disso, a bolsa prevê a divulgação de relatório de asseguração, por empresa de auditoria independente, a respeito da avaliação feita por estes administradores.
5. Câmara de Arbitragem
Por fim, a B3 propõe a flexibilização do uso da Câmara de Arbitragem do Mercado (CAM), para possibilitar a atuação de outras câmaras.
Nesse sentido, a companhia realizará um credenciamento a partir de critérios técnicos, que serão oportunamente definidos.
- LEIA TAMBÉM: Casa de análise libera relatórios de investimentos gratuitos com recomendações de ações, FIIs e BDRs
De acordo com Flavia Moura, a adoção de boas práticas de governança corporativa permite a redução da percepção de risco por parte dos investidores.
“Quando conseguimos trazer pontos que diminuem a assimetria das informações e garantem o cumprimento das regras e a responsabilidade pela companhia, criamos instrumentos que podem influenciar positivamente a valorização e a liquidez das ações dessas empresas”, afirma.