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Azul continua refém da pandemia, mas tem caixa confortável para superar adversidades

05 mar 2021, 17:17 - atualizado em 05 mar 2021, 17:17
Ibovespa, azul
A Ágora Investimentos, o BTG Pactual e o Safra adotaram opiniões diferentes em relação aos resultados do quarto trimestre de 2020 da Azul (Imagem: REUTERS/Rahel Patrasso)

Analistas da Ágora Investimentos, do BTG Pactual (BPAC11) e do Safra tiveram opiniões diferentes sobre os resultados da Azul (AZUL4). Enquanto para alguns os números do quarto trimestre do ano passado vieram, em linhas gerais, acima das expectativas, outros classificaram o relatório como negativo.

Os resultados superaram as estimativas do BTG, mas só porque o banco esperava que a companhia aérea mostrasse um desempenho fraco no período.

A Azul reportou lucro líquido de R$ 543,4 milhões nos últimos três meses de 2020, com o resultado impactado positivamente por R$ 1,4 bilhão em ganhos cambiais. Na base ajustada, a empresa teve prejuízo de R$ 918,2 milhões (contra lucro de R$ 411,2 milhões no quarto trimestre de 2019).

A receita líquida atingiu R$ 1,8 bilhão, queda de 45% em relação a um ano antes. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) despencou de R$ 1,2 bilhão para R$ 192,9 milhões, enquanto a margem Ebitda caiu 27 pontos percentuais, encerrando em 10,8%.

Segundo o BTG, o que vale destacar dos resultados é a melhora sequencial na liquidez da companhia.

“A Azul encerrou o trimestre com R$ 4 bilhões em caixa (ante R$ 1,7 bilhão no último trimestre devido ao capital levantado por meio da emissão de debêntures conversíveis no quarto trimestre). O caixa representou 70% da receita dos últimos 12 meses (contra 32% no último trimestre). Considerando os depósitos, as reservas de manutenção e outros ativos disponíveis, a liquidez total da Azul atingiu R$ 7,9 bilhões (versus R$ 6,9 bilhões no último trimestre), a maior desde que foi fundada há doze anos”, comentaram Lucas Marquiori, Fernanda Recchia e Ricardo Cavalieri, da equipe de análise do banco.

De acordo com a Ágora, a Azul está com posição de caixa confortável para superar a pandemia de Covid-19. Apesar do aumento de casos da doença no mundo prejudicar a recuperação do setor de viagens aéreas, a corretora acredita que a liquidez, somada ao refinanciamento da dívida de curto prazo e ao diferimento de pagamentos de arrendamento de aeronaves, permitirá que a empresa sobreviva às adversidades do momento.

Azul
De acordo com a Ágora Investimentos, a Azul está com posição de caixa confortável para superar a pandemia de Covid-19 (Imagem: REUTERS/Sergio Moraes)

Impressão negativa

A visão do Safra sobre o desempenho da Azul se difere das demais. Nos últimos três meses de 2020, a companhia mostrou recuperação das suas operações em comparação ao trimestre anterior, mas ainda mostrou forte impacto da pandemia.

O maior destaque positivo do balanço foi a performance da Azul Cargo, que se beneficiou do aumento expressivo das vendas no e-commerce. Ainda assim, os analistas preferiram seguir com a cautela.

“Mantemos nossa visão cautelosa sobre o nome, principalmente considerando o cenário altamente negativo e imprevisível para a indústria aérea”, disse o analista Luiz Peçanha.

Apesar de reconhecer os esforços da companhia para minimizar os impactos da Covid no curto prazo, o Safra acredita que as perdas devem continuar se acumulando nos próximos trimestres. Os custos postergados devem manter pressão sobre as margens, o que afeta diretamente a recuperação financeira da empresa.

O Safra colocou a recomendação e o preço-alvo para a ação da Azul sob revisão até ter mais visibilidade sobre o cenário de demanda da companhia.

A Ágora manteve recomendação neutra e preço-alvo estimado para 2021 de R$ 40 pela relação risco-retorno pouco atraente e pelo potencial de valorização limitado.

O BTG, que adotou uma perspectiva mais otimista em relação à recuperação da Azul nos próximos trimestres, manteve a indicação de compra, com preço-alvo por ação de R$ 47.

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