Azul comprará Latam? Credores podem forçar acordo, apostam analistas
A pressão dos credores da Latam, que enfrenta um processo de recuperação judicial há mais de um ano, pode ser decisiva para que a Azul (AZUL4) alcance seu objetivo de comprar as operações da rival no Brasil.
A avaliação é da Ágora Investimentos. Em um breve comentário sobre o assunto, em relatório enviado nesta manhã (07) aos clientes, Victor Mizusaki e Wellington Lourenço afirmam que “os credores da Latam podem solicitar que esta alternativa seja incorporada ao plano de reestruturação a ser apresentado no processo de recuperação judicial até 30 de junho e votado até 23 de agosto.”
Os analistas acrescentam que “a probabilidade de a fusão acontecer é muito provável.” Mas, no que depender do CEO da Latam, Roberto Alvo, o negócio já está morto e enterrado. Em entrevista à Bloomberg, o executivo afirmou que a operação brasileira não está à venda.
De acordo com a agência de notícias, a Latam, com sede em Santiago, tem como foco sair do processo de recuperação judicial aberto nos Estados Unidos há mais de um ano, e não uma venda fragmentada do negócio.
Sem acordo
“Não estamos considerando, de nenhuma maneira ou forma, a venda de qualquer um de nossos ativos neste momento”, disse Alvo à Bloomberg. “Consideramos isso mais um sinal de preocupação da Azul, pois entendem que seremos um concorrente muito desafiador” após sair da recuperação judicial, observou.
A Ágora Investimentos, no entanto, já incorporou a aquisição em seu cenário. Tanto, que já aproveitou a situação para apresentar seu preço-alvo para as ações da Azul para 2022. O valor proposto é de R$ 75. A cifra é 97,4% maior que o preço-alvo de R$ 38 sugerido para este ano.
Os analistas explicam que R$ 19 da projeção proposta para o ano que vem referem-se a sinergias que podem ser capturadas, além de “rolagem de preço-alvo”. “A ação está sendo negociada a 6,2x EV / EBITDA 2022 ajustado por sinergias, um deságio de 14% em relação à sua média histórica”, afirma a gestora.
Consolidação inevitável
Os rumores de que a Azul está disposta a comprar as operações da Latam no Brasil surgirem no fim de maio, quando a companhia controlada por David Neeleman divulgou fato relevante, em que afirma que “um movimento de consolidação é uma tendência do setor no pós-pandemia e a Azul está em uma posição forte para liderar um processo nesse sentido.”
A empresa também informou na ocasião que contratou, no fim do primeiro trimestre, consultores para estudar “ativamente as oportunidades de consolidação da indústria.” Dias depois, a agência Reuters noticiou que a Azul abordou a chilena Latam Airlines com o objetivo de comprar sua operação brasileira.