Azul (AZUL4): O que está por trás da queda de 24% nesta quinta-feira (24)?

As ações da Azul (AZUL4) lideram as perdas do Ibovespa (IBOV) nesta quinta-feira (24), com uma série de eventos que a impactam no radar.
Mais cedo, a companhia aérea informou ao mercado que levantou R$ 1,66 bilhão em sua oferta pública primária de ações preferenciais (follow-on), com a emissão 464 milhões de novas ações.
A operação, concluída na noite de quarta-feira (24), teve o preço por ação fixado em R$ 3,58. O novo capital social da companhia aérea passará a ser de R$ 7,13 bilhões.
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O objetivo é promover a equitização obrigatória de títulos de dívida com vencimento em 2029 e 2030, respaldados por garantia fidejussória da companhia. Em outras palavras, a empresa busca fortalecer sua estrutura financeira ao converter parte dessas dívidas em ações, utilizando os novos papéis como forma de pagamento.
Ao anunciar a oferta de ações, a Azul informou que emitiria inicialmente cerca de 450 milhões de ações preferenciais. Esse número poderia subir até cerca de 700 milhões, o que levaria a operação a movimentar até R$ 4,1 bilhões.
Apesar do potencial, apenas parte desse volume extra foi aproveitado.
Além da própria reestruturação, a Azul enfrenta um cenário global de menor apetite por risco, agravado pela guerra comercial em andamento.
Os papéis fecharam em queda de 24,84%, a R$ 2,38. Acompanhe o tempo real.
Codeshare Azul e Gol
Somado ao comunicado sobre a oferta de ações da Azul, o tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) decidiu analisar o acordo de compartilhamento de voos (codeshare) entre a companhia e a Gol (GOLL4), iniciado em meados de 2024.
O movimento ocorre após decisão da Superintendência Geral do Cade de arquivar o procedimento de avaliação do acordo, se restringindo a avaliar se o codeshare seria de notificação obrigatória ou não ao Cade.
Após a decisão de arquivamento pela Superintendência Geral, o conselheiro do Cade Gustavo Freitas de Lima fez um novo pedido para análise do acordo pelo tribunal da autarquia. A solicitação foi aprovada por unanimidade pelos conselheiros do Cade na terça-feira (23).
Segundo o pedido de Freitas, o acordo de compartilhamento de voos das duas empresas pode evidenciar um “nexo associativo” entre as companhias, diferentemente de uma relação típica de codeshare de prestação de serviços de uma empresa para a outra.
O acordo, segundo o pedido do conselheiro, “assemelha-se mais a um contrato associativo do que a um simples codeshare. Esses pontos, identificados pela área técnica, ainda não foram analisados por este Tribunal”, e por isso precisa de um “exame mais profundo”.
Ainda corre uma eventual fusão entre as gigantes do setor aéreo. No final de janeiro deste ano, houve a assinatura do Memorando de Entendimentos Não Vinculante (MoU) para uma possível combinação de negócios.
Ainda há um caminho a percorrer para que a fusão seja concretizada, como a conclusão do processo de recuperação judicial nos Estados Unidos (Chapter 11) da Gol.
O fechamento da operação depende ainda da concordância entre a Abra Group — holding controladora da Gol — e Azul sobre os termos econômicos, da conclusão satisfatória da due diligence, da assinatura de acordos definitivos e da obtenção das aprovações corporativas e regulatórias, incluindo a aprovação da autoridade antitruste brasileira.
*Com informações da Reuters