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Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) podem protagonizar ‘acordo histórico na indústria de aviação brasileira’; ações disparam

16 jan 2025, 10:37 - atualizado em 16 jan 2025, 10:55
Azul e Gol fusão
Ações da Azul e da Gol sobem com avanço em possível combinação de negócios (Imagem: Flávya Pereira/Money Times)

Como já era aguardado pelo mercado, a Azul (AZUL4) assinou Memorando de Entendimentos Não Vinculante (MoU) com a Abra Group, holding controladora da Gol (GOLL4), para uma possível combinação de negócios entre as aéreas, conforme anunciado ao mercado na quarta-feira (15).

Em reação, as ações das companhias saltaram já na primeira meia hora de pregão desta quinta-feira (16). Por volta de 10h27 (horário de Brasília), GOLL4 subia 11,04%, a R$ 1,81, enquanto AZUL4 avançava 7,03%, a R$ 4,72. Acompanhe o tempo real.





Caso a fusão seja concluída, Azul e Gol manterão seus certificados operacionais independentes, no entanto, atuando sob uma única empresa resultante listada. Ou seja, na prática, será uma empresa — presente na Bolsa — com duas companhias aéreas, mantendo as bandeiras já conhecidas.

Na avaliação do Goldman Sachs, a fusão proposta tem mérito estratégico, tendo em vista que pode criar uma companhia aérea significativamente maior, com poder de precificação aprimorado e otimização de rede, entre outras fontes de sinergia.

Os analistas aguardam mais detalhes sobre a estrutura potencial do acordo para avaliar as sinergias potenciais e a criação de valor que tal acordo poderia trazer.

O BTG Pactual pontua que muitas questões ainda precisam ser respondidas, mas, caso se concretize, “será um acordo histórico na indústria de aviação brasileira, unindo duas empresas antes consideradas impossíveis de se fundirem”.

“Claro, acreditamos que muitos dos ventos contrários recentes no setor (aumento da alavancagem e pressões cambiais) foram uma força importante por trás da disposição de se fundir”.

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Fusão Azul e Gol: o que se sabe até agora?

Conforme as informações divulgadas, a companhia combinada contará três conselheiros da Abra, três da Azul e três independentes.

Vale pontuar que a fusão depende do fim do processo de Chapter 11 da Gol, que nada mais é do que uma recuperação judicial nos Estados Unidos. A previsão é de que o processo de encerre em abril deste ano.

O presidente do conselho da futura companhia será indicado pela Abra e o diretor-executivo (CEO) será indicado pela Azul.

A nova companhia seguirá o modelo de “corporation”, ou seja, empresa sem controlador definido, com a Abra sendo a maior acionista. No entanto, a definição dos percentuais exatos de participação de cada aérea depende do fim do Chapter 11 da Gol.

A fusão das duas empresas resultaria em uma participação de cerca de 60% no mercado doméstico, ultrapassando os 40% da concorrente Latam, conforme dados da Anac. Vale lembrar que a Azul possui uma frota que inclui jatos regionais da Embraer e aviões de corredor único e duplo da Airbus. Já Gol utiliza exclusivamente aeronaves Boeing 737.

O fechamento da operação depende da concordância entre Abra e Azul sobre os termos econômicos, da conclusão satisfatória da due diligence, da assinatura de acordos definitivos e da obtenção das aprovações corporativas e regulatórias, incluindo a aprovação da autoridade antitruste brasileira.

Nenhuma das empresas fará novos investimentos financeiros para a possível fusão, que envolverá apenas ativos já disponíveis. A Azul também continuará a comprar aviões da Embraer e a buscar sinergias em voos internacionais.

Conforme o documento divulgado ao mercado, a alavancagem das duas empresas combinadas não poderá ultrapassar a da Gol após o fim da recuperação judicial, sendo este um parâmetro crucial para a concretização da fusão.

Vale destacar que a alavancagem representa o uso de recursos de terceiros (dívidas) para multiplicar a capacidade de investimento e resultados. A Gol divulgou que pretende chegar ao fim da recuperação judicial com o indicador em torno de 4,5 vezes.

Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.