Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) derretem junto com Ibovespa; fim da fase boa ou oportunidade?
As ações das companhias aéreas derreteram nesta quinta-feira (23), desta vez por temores sobre os juros após o Comitê de Política Monetária (Copom) decidir pela manutenção da Selic, taxa básica de juros do Brasil, em 13,75%.
Hoje, Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) derreteram 8,88% e 10,08%, respectivamente. As empresas têm vivido uma fase boa na Bolsa, após dados de tráfego animadores e notícias positivas sobre o caixa delas.
Em 6 de março, os papéis da Azul dispararam quase 40%, refletindo os números do quarto trimestre de 2022 e de 2022, com recuperação no comparativo anual, e especialmente a notícia de que a empresa chegou a acordos com arrendadores de aeronaves responsáveis por 90% de seus passivos de arrendamento.
A Gol chegou a saltar mais de 20% no dia, também por um comunicado bem-recebido pelo mercado: os dados preliminares do tráfego de fevereiro mostraram recuperação da demanda internacional e melhora no ambiente doméstico.
Além disso, a companhia informou que a holding Abra, criada para administrar as operações da Gol e da Avianca, conseguiu um financiamento de US$ 1,4 bilhão em sênior notes com vencimento em 2028.
As ações da Azul ainda acumulam alta de 56,9% em março. A Gol sobe 8,13%.
Céu azul no horizonte
Recentemente, o UBS BB elevou a recomendação das companhias aéreas para “neutro” após as últimas notícias positivas que levaram ao salto das ações nas últimas semanas.
Os preços-alvo também foram ajustados para cima, de R$ 12,50 a R$ 14 para Azul e R$ 8,80 a R$ 9 para Gol.
O UBS BB começa a ver uma mudança no cenário e agora espera que a indústria passe por uma redução de riscos no curto/médio prazo, vivendo uma fase de menor turbulência. Azul e Gol vão conseguir lidar com a posição de liquidez no curto prazo, dizem analistas.
A recomendação “neutro” se deve ao preço atual das ações. Na avaliação do UBS BB, os papéis de Azul e Gol estão justamente precificados.
O Bank of America (BofA), no último relatório sobre a Azul, reforçou a classificação de “underperform” (desempenho esperado abaixo da média do mercado) para as ações, embora tenha elevado o preço-alvo a R$ 11,80.
A avaliação dos analistas do banco é de que a renegociação da dívida da Azul não parece definir corte nos valores a pagar, mas determina um atraso no pagamento e uma conversão de dívida/pagamentos futuros em patrimônio em termos “potencialmente favoráveis”.
O BofA ainda projeta “um caminho longo e acidentado para a recuperação total” da Azul. A relação oferta-demanda e a volatilidade da moeda brasileira são levantadas como riscos pelo banco.